Mesmo com o desgaste do governador do Rio, ministério seria forma de reverter a iminente perda de apoio do PMDB à presidente no Estado
Débora Bergamasco
BRASÍLIA - O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), que teve a porta de sua casa sitiada por manifestantes por mais de um mês e anda com a popularidade baixa, pode ser um dos escolhidos para ocupar uma pasta na reforma ministerial que a presidente Dilma Rousseff promoverá entre o fim de dezembro e o início de janeiro.
O governo está trabalhando para garantir o maior número de palanques regionais para a petista na eleição do ano que vem. Dar uma pasta para Cabral comandar, segundo as contas presidenciais, poderia ser um modo de reverter a iminente perda de apoio do PMDB a Dilma no Rio.
Como não pode mais dispu tar o Guanabara, o governador vai lançar à sua sucessão Luiz Fernando Pezão, seu atual vice, e pretende se descompatibilizar do cargo para dar mais visibilidade a seu indicado. Mas o senador Lindbergh Farias (PT-R ), já se movimenta para ser o candidato governista ao comando do Rio. Para pressionar, Cabral já disse que se Dilma quiser subir no palanque de Lindbergh, o peemedebista não pedirá voto para ela e, pior, ameaça dar apoio a adversários da presidente.
Mesmo sendo avessa a pressões, ela sabe que não poderá ignorar a importância de obter o máximo apoio possível no Rio, pois se trata do terceiro maior colégio eleitoral do Brasil (11,8 milhões de eleitores). O raciocínio no Planalto e que um ministério importante nas mãos de Cabral pode convencê-lo a aceitar que ela abrace dois postulantes no Estado.
Por ser ainda uma ideia embrionária discutida dentro do núcleo duro do governo, começam a surgir suposições. Uma que, avalia-se, casaria bem com o perfil de Cabral é o Ministério do Esporte ou o do Turismo, pois ele poderia capitalizar, especialmente em seu Estado, durante a Copa em 2014 e na preparação para a Olimpíada de 2016.
Rejeição. Dilma e seus conselheiros sabem que a manobra seria arriscada porque Cabral vive um momento de corrosão em sua imagem. Ele foi o governador mais atingido pelos protestos de junho - manifestantes passaram mais de um mês acampados em frente ao apartamento do governador, no Leblon.
Na última quarta-feira, durante visita de Dilma ao estaleiro Inhaúma, no Caju, a presidente ouviu vaias quando citou as presenças do governador e do prefeito da capital, Eduardo Paes. Mesmo assim, ela estaria disposta a bancar a nomeação de Cabral para arregimentar mais apoio no Estado.
Há vagas
Dilma pretende fazer uma reforma na equipe para ajustá-la ao quadro político-eleitoral. Pelas contas do Planalto, ao menos 12 dos 39 ministros deixarão os cargos para disputar eleições em 2014.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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