Marina Silva deu mostras de que o espírito político de quem recebeu 20 milhões de votos fala alto em situações complexas.
Sem conseguir o aval para disputar a corrida presidencial com sua Rede Sustentabilidade, a ex-senadora usará todo o tempo disponível para costurar argumentos que justifiquem abraçar outra legenda e ter seu nome na urna eletrônica de 2014.
A pavimentação desse caminho começou a ser feita ainda ontem.
Ao explicar por que decidiu deixar para hoje a definição sobre o ingresso ou não em outro partido, Marina demonstrou ter consciência do peso político adquirido e do impacto que sua presença terá na disputa pelo Planalto no ano que vem.
De acordo com as palavras da ex-senadora, pesará em sua decisão a disposição dos partidos que estão lhe oferecendo abrigo de se preocupar em quebrar a polarização que ficará evidente caso Dilma Rousseff e Aécio Neves repitam a disputa PT-PSDB dos pleitos anteriores.
Por mais que o ideário sonhático de Marina não seja palatável para uma gama considerável de eleitores, é preciso reconhecer que a presença da ex-senadora tornará o embate menos previsível.
A tarefa principal de Marina será mostrar para seus apoiadores que aceitar o convite para ingressar em outro partido não significa o abandono do discurso de coerência com os princípios que nortearam a proposta de construção da Rede.
Marina acredita efetivamente que carrega um espírito de renovação na forma de fazer política, e boa parte de seus aliados compartilham dessa crença. Por isso, o peso das críticas que virão tende a ser relativamente menor do que as palavras de apoio.
Outro fator joga a favor desse movimento pragmático que a ex-senadora deve fazer. Apesar da miríade de partidos no país, boa parte da população vota em nomes, e não em legendas. Essa é uma vantagem para a provável candidata.
Fonte: Folha de S. Paulo
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