Nome histórico do PDT, deputado deixa sigla para tentar disputar governo do Rio
Juliana Castro
Depois de acompanhar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitar o registro da Rede Sustentabilidade, partido que estava sendo criado pela ex-senadora Marina Silva, o deputado federal Miro Teixeira seguiu para sua segunda opção, e se filiou na tarde de ontem ao recém-criado PROS, pelo qual deve disputar o governo do Rio em 2014.
O parlamentar estava no PDT e, na última segunda-feira, ligou para o presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, informando a decisão de sair do partido. Fez dois comunicados, um para o caso de a Rede sair do papel, o que acabou não acontecendo, e outro afirmando que ia para o PROS, após receber convite do deputado federal Hugo Leal e do ex-ministro Ciro Gomes. Miro era um dos deputados que estavam ajudando Marina a criar a Rede e, quando houve a decisão do TSE, ele entregou sua desfiliação ao PDT e comunicou sua adesão ao PROS.
— Percebi que para o PDT, na organização burocrática, eu estava sendo um incômodo. O partido está muito próximo do governador Sérgio Cabral e isso a mim não agradava — disse o deputado, ao GLOBO.
Sem espaço no PDT
Miro entrou no PDT em 1989, mas entre 2004 e 2005 passou por PT e PPS, retornando ao partido fundado por Leonel Brizola, onde permaneceu até ontem. A vontade do deputado é concorrer ao governo do Rio e, no PDT, ele sentia que isso não seria considerado:
— Nunca é fácil (deixar um partido em que se está há tanto tempo). Agora, depois de tomada a decisão, você fica muito tranquilo. A angústia é quando o processo de convencimento está se organizando, mas você fica tranquilo (com a decisão) quando você se convence e chega à conclusão de que está sendo excluído de uma disputa em que já há uma predeterminação de apoiar o candidato do governador. O Lupi negava isso para mim; mas não era isso que eu via nos jornais. Mas a saída é sem ressentimento.
O agora ex-pedetista afirmou que não condicionou sua ida ao PROS à candidatura ao governo do Rio e que a iniciativa nesse sentido foi do próprio presidente estadual do partido, Hugo Leal.
Em relação às alianças, Miro disse ainda que não há preferência ou rejeição a nenhuma sigla.
— Acho que a primeira discussão tem que ser dentro do próprio partido. Temos que produzir um ambiente de debate — declarou.
O deputado negou que os últimos escândalos envolvendo pessoas ligadas ao PDT tenham afetado sua decisão:
— O responsável pelo crime é quem o comete, no PDT ou em qualquer partido. Não é a legenda que fica maculada. Tem muita gente boa no PDT, lutadores antigos de batalhas arriscadas. Muitos desses se sentiram excluídos e saíram.
Um dos responsáveis por convencer Miro a ir para o PROS, Hugo Leal declarou que o ex-pedetista tem o apoio do partido para disputar a sucessão do governador Sérgio Cabral e se colocar em meio a um quadro que já conta com concorrentes praticamente definidos, como o deputado federal Anthony Garotinho (PR), o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o senador Lindbergh Farias (PT).
— Aqui no Rio temos um quadro que se apresentava como definitivo. Precisamos ampliar esse quadro. O Miro se colocou à disposição para vir candidato a qualquer cargo. Vamos levar à direção essa intenção de ele vir a governador. Ele tem nossa anuência para se colocar como pré-candidato ao governo — afirmou Leal.
Miro começou a vida política como deputado federal pelo MDB em 1971 e exerceu, pelo partido, o mandato por outras duas legislaturas. Entre 1980 e 1981, teve uma passagem pelo PP. Entre 1985 e 1986, foi secretário-geral do Ministério da Administração. Voltou à Câmara como deputado constituinte pelo PMDB, em 1987. Depois, foi eleito seis vezes deputado federal pelo PDT. Foi ministro das Comunicações em 2003.
Em 2010, foi eleito para a Câmara com 63.119 votos.
Fonte: O Globo
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