BRASÍLIA - Em meio a uma pressão interna para que o PSDB antecipe o anúncio de seu candidato à Presidência da República, o senador Aécio Neves (MG), nome hoje mais forte dentro da legenda para disputar o Planalto, admitiu nesta terça-feira (5) a possibilidade de antecipação, mas desde que haja consenso interno.
Um dia depois de se encontrar com o ex-governador de São Paulo José Serra, Aécio voltou a dizer que não o preocupa a movimentação do ex-governador, que embora isolado internamente mantém a sinalização de que deseja ser pela terceira vez o candidato tucano ao Palácio do Planalto.
"Deixem o Serra trabalhar em paz, são absolutamente legítimas as viagens que o Serra faz, é positivo para todos nós que ele possa ser mais uma voz permanente de oposição ao governo, não há nenhuma tensão entre nós", disse Aécio, completando: "Esse problema interno é um problema que não existe."
No final de setembro, Aécio fechou um acordo com Serra para evitar que o ex-governador deixasse o PSDB e se lançasse à Presidência por uma outra legenda. Na época, ficou acertado que o anúncio do candidato tucano à Presidência só ocorreria em março e que Serra poderia continuar mantendo compromissos típicos de um pré-candidato.
O problema para os tucanos é que pouco tempo depois a ex-senadora Marina Silva anunciou apoio ao projeto presidencial do governador Eduardo Campos (PSB-PE), criando uma terceira via que ameaça a posição de Aécio. Com isso, a maior parte do PSDB passou a pressionar pela antecipação da escolha do nome do senador mineiro como forma de não perder terreno para a dupla Campos-Marina.
"Tudo que fizermos vai ser com base no entendimento. Não acho necessária essa antecipação, ela vai acontecer no tempo certo, não tem uma data pré-fixada. Pode ser em março? Pode. Se nós todos acharmos que deve ser antes, será antes, mas a partir de um grande entendimento entre nós", disse Aécio, para quem o "combustível" principal do PSDB é a unidade. "Pode ter certeza de que no momento da campanha eleitoral quando você olhar para um vai enxergar o outro", afirmou o tucano.
Após participar de uma audiência na Câmara dos Deputados, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), disse que a melhor data para a escolha do nome tucano ao Planalto é o início de 2014. "Acho que o ideal é fazer [a escolha] no início do ano que vem. É uma boa data. O ano já está acabando", afirmou ele, brincando: "Só há dois ansiosos na vida, os políticos e os jornalistas." Candidato à reeleição, Alckmin negou que haja articulação para que seja o vice na chapa de Aécio: "Minha tarefa é trabalhar lá em São Paulo", se limitou a dizer.
Data-limite
Apesar do discurso público de Aécio, nos bastidores ele trabalha pela antecipação. Na segunda-feira (4), ele se reuniu em São Paulo com Alckmin e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em São Paulo. Mais tarde, se encontrou com Serra.
Na Câmara dos Deputados, o líder da bancada, Carlos Sampaio (SP), afirmou que o prazo limite para que Aécio tenha o nome lançado pelo partido tem que ser em novembro. Ele também criticou as movimentações de Serra.
"Se o nome do Aécio está consolidado nos 27 diretórios regionais e na direção do partido, por que esperar? Imaginamos que ele [Serra] ia percorrer o país para fortalecer o relacionamento de ambos para o anúncio do nome de Aécio em março, jamais que ele fosse permanecer no PSDB imaginando que fosse o candidato à Presidência", afirmou Sampaio.
Segundo o tucano, até mesmo os aliados mais próximos de Serra têm o entendimento de que o ex-governador ficou no PSDB "para ajudar na candidatura do Aécio, não para ser o candidato". "A partir do momento em que ele demonstra essa vontade de ser candidato, a bancada se assusta", disse Sampaio.
Um grupo de deputados procurou o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), um dos principais aliados de Serra, para que ele tente convencer o ex-governador sobre a antecipação.
Para o presidente do PSDB de São Paulo, o deputado Duarte Nogueira, a data da escolha tem que passar por um entendimento com Serra. "Mais importante do que o momento de definir o candidato é que isso seja feito com total coesão e unidade", afirmou.
Fonte: Folha de S. Paulo
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