Aécio Neves admite que tucanos adiantem o lançamento oficial da candidatura ao Palácio do Planalto, mas desde que seja parte de um grande entendimento na legenda
Adriana Caitano
BRASÍLIA – A pressão da bancada na Câmara para que o lançamento do senador Aécio Neves (MG) como pré-candidato oficial do PSDB à Presidência da República seja adiantado tem sido abafada pela cúpula tucana. Apesar de um grupo acreditar que a demora atrapalha a estratégia eleitoral da legenda, o entendimento é de que o anúncio pode esperar ao menos até 2014. O objetivo é evitar que a irritação do ex-governador de São Paulo José Serra prejudique os planos de Aécio. O próprio senador colocou panos quentes na odisseia travada por Serra em busca de apoio nos estados: "Deixe o Serra trabalhar em paz", disse Aécio ontem.
De acordo com interlocutores dos dois, quando Serra ameaçou deixar o ninho tucano, em setembro, Aécio teria feito um apelo para que ficasse, em troca de um acordo: o nome do candidato do PSDB à Presidência só sairia em março de 2014 – quatro meses antes do início oficial da campanha. O ex-governador de São Paulo aceitou a proposta, acreditando ganhar tempo para firmar seu nome. Apesar de ter dito recentemente que seu voto é em Aécio, Serra comentou que ainda haverá "muitas surpresas" até as eleições.
Integrantes do grupo que apoia Aécio, porém, garantem que o senador é o escolhido de 99% do partido. "Ainda assim, se não for ele, não há nada que indique que seja o Serra", reforça um deputado que participa das articulações. De acordo com o parlamentar, em almoço ontem com a bancada na Câmara, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse não haver motivo para pressa, porque a decisão já está tomada. "O ano está terminando. O Aécio será o candidato do PSDB, é a vez dele. Só há uma chance de isso não acontecer: se ele não quiser", teria dito Alckmin na reunião, segundo deputados que participaram dela.
O líder da bancada, Carlos Sampaio (SP), no entanto, insiste que este mês é o prazo limite para que Aécio tenha o nome lançado pelo partido. Ele criticou as movimentações de Serra. "Se o nome do Aécio está consolidado nos 27 diretórios regionais e na direção do partido, por que esperar? Imaginamos que ele (Serra) ia percorrer o país para fortalecer o relacionamento de ambos para o anúncio do nome de Aécio em março, jamais que ele fosse permanecer no PSDB imaginando que fosse o candidato à Presidência", afirmou.
Em entrevista coletiva ontem, depois de falar a empresários do setor sucroenergético, Aécio colocou panos quentes na situação, mas sem descartar que o assunto se resolva antes do prazo definido: "Não acho necessária essa antecipação. Ela (a decisão) vai acontecer no tempo certo e não tem uma data prefixada. Se todos acharmos que pode, que deve ser antes, será antes. Mas a partir de um grande entendimento entre nós. Não há tensão na relação".
Bernardinho Em almoço com senadores do Bloco União e Força (PTB/PR/PSC/PRB), que recebeu na semana passada o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Aécio confirmou que o técnico da seleção masculina de vôlei, Bernardinho, será o candidato do PSDB no Rio de Janeiro. Segundo presentes, o senador teria dito que como no Rio está tudo muito embolado e dividido, com Bernardinho o PSDB poderia ter pelo menos 9% dos 13 milhões de votos do terceiro maior colégio eleitoral. Ele defendeu proposta do ex-presidente Fernando Henrique para formação de uma chapa puro-sangue Minas-São Paulo: Aécio presidente e o líder do partido no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP) vice.
Fonte: Estado de Minas
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