quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Se vier até 15 de dezembro, alta da gasolina compromete inflação

Para IPCA ficar inferior ao de 2012, reajuste tem que ser no fim do ano

Nice de Paula

Pode estar mais na data do que no percentual de aumento a solução para o governo conseguir reajustar o preço da gasolina este ano, como precisa a Petro-bras e, ainda assim, assegurar uma inflação menor do que a de 2012, como quer o Planalto. Cálculos do economista Luiz Otávio Leal, do Banco ABC Brasil, mostram que, se o aumento do combustível começar a valer

a partir do dia 15 de dezembro, o impacto sobre o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) será mínimo, e o indicador fechará o ano em torno de 5,75%. No ano passado, o IPCA ficou em 5,84%.

~~ Se quiserem resolver os dois problemas, têm de empurrar para depois do dia 15. Para a Petrobras, já não vai fazer mais tanta diferença dia lê ou 15 de dezembro. Mas, para a inflação, reduz muito o impacto. Um reajuste de 8% nas refinarias e de 4,8% nas bombas já resolveria o problema da empresa. Agora, é claro que, se aumentarem em 20%, não há data que faça a inflação ficar menor.

O reajuste da gasolina também é o fiel da balança para a projeção de inflação deste ano do economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio.

— Sem gasolina, a inflação fecha o ano em 5,8%. Se tiver o aumento, deve chegar aos 6% — afirma o professor.

Energia, cigarros e alimentos
Além do combustível, há outros aumentos que ainda vão pressionar a inflação deste ano, como as contas de água do Rio de Janeiro e São Paulo, os preços de cigarros e a energia elétrica da Light, mas nenhum deles é motivo de preocupação para os especialistas.

Para os alimentos, a perspectiva é que o processo de deflação tenha chegado ao fim. E, a partir de agora, haja uma certa pressão, processo comum no fim do ano, sobretudo com carnes e produtos importados, mas nada que coloque em risco os números do IPCA. As previsões são de que tanto em novembro quanto em dezembro o índice oficial de inflação fique em torno de 0,6%.

O cenário de preços para o ano que vem não traz grandes novidades em relação a este ano. Cunha acredita que a inflação de 2014 deverá oscilar entre 5,5% e 6%, conta que considera os reflexos da gasolina mais cara e o menor controle dos preços administrados, diferentemente do que ocorreu este ano, quando as tarifas de transportes públicos e a gasolina tiveram reajustes menores.

Uma grande novidade, diz ele, pode vir dos preços dos remédios, caso seja aprovada a proposta de reduzir impostos para estes produtos.
— A redução dos impostos dos remédios é uma medida importante, que pode ajudar a conter a inflação. Mas há o efeito sobre a arrecadação e hoje, o problema fiscal é mais preocupante do que a inflação e o crescimento — avalia.

Números
5,84% de inflação. Foi o resultado de 2012.0 governo quer fechar este ano comum com lPCA mais baixo.

R$3,7 bi de prejuízo. Valor que a Petrobras perdeu, de janeiro a setembro deste ano, por causa da diferença entre o valor que a empresa paga para importar gasolina e derivados e o preço pelo qual vende esses produtos no mercado interno.

Fonte: O Globo

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