BRASÍLIA - A liberação de uma emenda costuma ser uma festa nas cidades por ela beneficiadas. Em agosto, a liberação de R$ 400 mil de emenda do deputado José Otávio Germano (PP-RS) para obras de infraestrutura em Palmitinho (RS) parou a cidade e foi alardeada pela emissora local : de rádio. O prefeito Luís Carlos Panosso anunciou, em entrevista, que o dinheiro já estava empenhado e que seria usado no calçamento da cidade.
Em novembro, os deputados Ronaldo Benedet e Edinho Bez, do PMDB catarinense, conseguiram liberar dinheiro para a compra de caminhões para Rio Fortuna. O assunto logo virou notícia na rádio local. Em Campina Grande (PB), a liberação de uma emenda de R$ 900 mil do senador Vital do Rêgo (PMDB) para a compra de 675 notebooks também foi festejada. Ele não perdeu tempo e logo anunciou que o próximo município a ser beneficiado por emenda sua, agora de R$ 200 mil, seria Alagoa Nova.
Instrumento. "Eu só faço emenda porque, se eu não fizer, vou ficar em desvantagem na eleição porque outro deputado vai lá e faz. E eu preciso me eleger", diz o deputado Osmar Terra (PMDB-RS), ao explicar como as emendas individuais são : usadas como instrumento eleitoral. Terra acusa o governo de também usar a liberação de verba parlamentar para conquistar vantagens políticas. "É assim: quem vota com o governo é recompensado, quem não vota é boicotado. De 2009 para 2010, cortaram 90% das minhas emendas por causa da minha postura crítica em relação ao governo."O deputado Milton Monti (PR-SP) também reconhece que as emendas tratam "de uma elevação política do deputado no local". "Quando o governo corta o pagamento de uma emenda, ele não compreende o prejuízo eleitoral que isso causa. Prejuízo político tanto para o parlamentar quanto para o próprio govemo, porque dificilmente ele conseguiria chegar a pequenos municípios."
Monti justifica esse tipo de visão. "Ai você me pergunta se isso não é clientelismo. E eu respondo que não, porque quando as comunidades elegem seus representantes, elas esperam que suas deficiências imediatas possam ser solucionadas. Quem não conhece a dinâmica política pode achar esse vínculo descabido. As emendas são importantes para o parlamentar, comunidade e governo."
Valdir Colatto (PMDB-SG), um dos líderes da bancada ruralista no Congresso, diz que concentra suas emendas nas áreas da saúde e rural. "Os prefeitos procuram a gente e fazem os pedidos. Acabam sendo eles os grandes beneficiados." Para ele, as emendas resultam em votos, mas não elegem alguém. "Campanha mesmo acontece é na distribuição de retroescavadeira, trator e caminhão pelo governo federal." Colatto conta : que outro dia se infiltrou numa dessas cerimônias depois de cansar de ouvir elogios ao PT. "Peguei o microfone e disse:"Gente, isso aqui foi mandado também pelo PMDB, porque o vice-presidente da República é do PMDB"?/ J.O e O.B
Fonte: O Estado de S. Paulo
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