A afirmação do líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), de que não há como separar o partido dos seus dirigentes condenados e presos é, com razoável certeza, a única entre tantas produzidas pela legenda em reação ao mensalão com a consistência de um diagnóstico diariamente renovado pela insistência em eleger culpados externos para seu infortúnio político.
Abstraída a motivação de cobrança por solidariedade interna que a inspira, a frase soa como uma segunda sentença, esta eleitoral, que anuncia a prevalência, na campanha, da versão do partido como vítima das elites conservadoras, em detrimento da condenação dos atos reconhecidos como criminosos pelo Poder Judiciário.
Ao que tudo indica, está feita a opção, certamente pela conclusão de que o posição de comando dos condenados no organograma de poder no partido, não oferece alternativa. Se não subtrai porcentual devotos significativo de seu eleitorado cativo, o episódio retira do PT a bandeira histórica da ética, frustrando o projeto de ampliação do eleitorado e, por extensão, de hegemonia política.
Tal leitura indicou ao senador Aécio Neves, já investido da candidatura independentemente de sua formalização em março, a ética na política como um ponto estratégico no discurso de campanha. Não evita o contraponto já adotado pelo PT - o cartel dos trens em São Paulo mas a ele se antecipa com postura em defesa da eventual condenação de correligionários que as investigações apontarem como beneficiários de corrupção.
Já a opção do PT pelo enfrentamento da decisão judicial, concentrada por estratégia na figura do ministro Joaquim Barbosa, como se a ele pertencessem os votos majoritários pela condenação, serve à conveniência de distanciar a presidente Dilma Rousseff dos fatos passados no primeiro govemo do PT, sob a presidência de Lula, cabo eleitoral no qual se sustenta e sem o qual não teria sido eleita. O desagravo em clima passional a José Dirceu na solenidade de posse da diretoria eleita do PT, sexta-feira, com as presenças de Lula e Dilma, dificulta essa meta e materializa a sentença de Guimarães, ditando uma linha defensiva para a campanha, que incorporará também o mau humor com os serviços públicos, tendente a aumentar durante a Copa do Mundo.
De qualquer forma, aparentemente a estratégia de manter Dilma à distância tem algum êxito. Ainda que 80% dos eleitores petistas condenem o mensalão e que as pesquisas indiquem 45% como o teto de sua recuperação desde junho, os 60% que desejam mudanças não as projetaram em outros candidatos.
O que poderá ser determinado pela economia, fator permanente de risco.
Parceria
PSB e PSDB se aliaram em mais de 200 cidades paulistas em 2012 e, hoje, centenas de candidatos a deputado federal e estadual, esperam parceria com Geraldo Alckmin, mas a decisão da aliança só sai em janeiro.
Queda de braço
O PT quer adiar a reforma ministerial para abril, mantendo a visibilidade de seus ministros candidatos, mas o PMDB pressiona Dilma a fazê-la em janeiro.
Sem validade
O PT avalia que a redução da conta de luz perdeu validade eleitoral. Seu impacto positivo será anulado pelo aumento previsto para 2014.
No portal
Blog. PDT cobra ao TSE decisão sobre palanques duplos
Fonte: O Estado de S. Paulo
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