Ministros de saída para disputar governos estaduais competem por indicação na Saúde
Lígia Formenti
Um duelo entre ministros petistas está em curso na Esplanada dos Ministérios pelo apadrinhamento do próximo titular da Saúde, pasta que fícará vaga em fevereiro com a saída de Alexandre Padilha para concorrer ao governo de São Paulo. De um lado, o próprio ministro, que se esforça para fazer como sucessor o secretário responsável pelo Mais Médicos, Mozart Sales. De outro, o titular do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, que sonha em ampliar seus poderes na área, por meio do mineiro e também secretário da pasta Helvécio Magalhães.
O apetite em tomo da pasta não é sem razão. Além de ser o ministério de maior orçamento, - R$ 100,3 bilhões em 2014 - a Saúde abriga o Mais Médicos. O programa caiu nas graças da população, é considerado trunfo na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseífe nas disputas estaduais - seja para Padilha, seja para Pimentel, candidato a governador de Minas.
São dois ministros, dois candidatos a governador com adversários difíceis pela frente. Pimentel disputará com o tucano Pimenta da Veiga, e Padilha enfrentará o governador Geraldo Alckmin, também do PSDB.
No cenário mineiro, a proximidade com Helvécio poderia ser usada pôr Pimentel como importante arma para fazer frente ao discurso do PSDB, que já deu mostras de que vai usara saúde como um dos principais pontos de campanha.
Parceiros. Embora a marca Mais Médicos já esteja vinculada a seu nome, Padilha sabe que não pode desperdiçar nenhum reforço. Mozart é de sua confiança. Foi seu colega no movimento estudantil, seu chefe de gabinete e, num segundo momento, condutor do inicialmente polêmico projeto de importação de médicos. Ele à frente da pasta seria a certeza de que nada faria sombra para a memória de sua gestão como ministro.
Além disso, apesar de ter uma relação cordial com Padilha e de estar à frente da secretaria de maior poder - e mais recursos - da pasta, Helvécio já foi seu rival. Em 2011, o secretário foi candidato vencido para o posto de ministro.
A disputa entre os nomes extrapola o duelo entre padrinhos. Pimentel é próximo de Dilma. Mas Mozart também ganhou confiança da presidente pela sua conduta à frente do Mais Médicos e, sobretudo, pela coragem de ter enfrentado a resistência da classe médica.
Há ainda um terceiro nome cogitado para substituição de Padilha, com menos favoritismo: o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa. Seria uma solução neutra, com incontestável carimbo de opção técnica. O secretário já trabalhou na pasta na gestão Humberto Costa e atuou na Organização Pan: Americana de Saúde.
O que está certo é que a solução será caseira. O governo está convicto de que a escolha de um nome de fora - como Giro Gomes, por exemplo - poderia romper o equilíbrio de forças e ampliar a sanha dos partidos por outros cargos da Esplanada que em breve se tornarão vagos.
Além disso, há a preocupação de blindara pasta de crises.
Antes de deixar o cargo, ministro tem agenda cheia
O ministro Alexandre Padilha dedica os últimos dias à frente da Saúde para aproveitar ao máximo a exposição do cargo. Semana passada, ele participou de evento em São Paulo e divulgou números de ressarcimento de planos de saúde para o SUS. Os dados, considerados ruins, foram apresentados com festa.
O ministro também deve acompanhar a presidente Dilma Rousseff em Cuba, onde O Mais Médicos será assunto de destaque. 0 plano é que, antes de deixar 0 cargo, ele receba um novo grupo de médicos cubanos. A tarefa mais árdua de Padilha tem sido contra a balança. Amante de doces - nunca faltam bombons em seu gabinete, ele retomou a dieta de dois anos atrás, ainda sem resultados visíveis. Mas quem compara fotos da posse com as atuais percebe mudanças: a pele melhorou e está livre de cicatrizes. /LJF
Fonte: O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário