Para Antonio Imbassahy (PSDB-BA), a presidente quer transferir a responsabilidade para subordinados; segundo ele, é 'vergonhoso' que responsável pelo parecer tenha sido promovido
Ricardo Della Coletta - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A oposição na Câmara dos Deputados reagiu à informação de que a presidente Dilma Rousseff aprovou, em 2006, a compra de 50% da refinaria de Pasadena pela Petrobrás, em um negócio que acabou custando US$ 1,18 bilhões à estatal e que está sob investigação. Para PSDB e DEM, a justificativa de Dilma, de que só apoiou a medida por ter recebido "informações incompletas" de um parecer "técnica e juridicamente falho", é insuficiente e "escapista".
"Dizer que concordou com um negócio escandaloso como esse, que provocou um prejuízo de US$ 1 bilhão à Petrobrás, porque se baseou em informações incompletas é uma atitude escapista, de quem quer jogar a culpa em subordinados", criticou o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA).
"Acho importante que a sociedade conheça a participação de cada autoridade (no caso), inclusive a da presidente", acrescentou Mendonça Filho (DEM-PE).
Nesta quarta, o Estado mostrou que Dilma, à época ministra da Casa Civil e à frente do Conselho de Administração da Petrobrás, votou favoravelmente à compra da refinaria, localizada no Texas (EUA). A compra inicial de 50% de Pasadena saiu por US$ 360 milhões. Posteriormente, devido a cláusulas contratuais, a Petrobrás teve de adquirir o restante da refinaria, desembolsando um total de US$ 1,18 bilhão.
A aquisição atualmente é investigada pela Polícia Federal, Tribunal de Contas da União e pelo Congresso por suspeitas de superfaturamento e de evasão de divisas.
Para Imbassahy, Dilma prefere "eleger culpados" para não assumir sua responsabilidade no caso. "Um erro dessa magnitude da presidente do Conselho de Administração da Petrobrás é imperdoável. E o vergonhoso é que o responsável pelo tal parecer falho foi premiado: até hoje é diretor da Petrobrás", disse o tucano.
Imbassahy se refere a Nestor Cerveró, que comandava na época da transação a diretoria internacional da Petrobrás, responsável pelo "resumo executivo" sobre o negócio Pasadena. Hoje, ele é diretor financeiro de serviços da BR-Distribuidora.
O líder do DEM, Mendonça Filho, também questionou o atual cargo de Cerveró. "Você não pode promover alguém que contribuiu para dar um prejuízo enorme à Petrobrás para que ele continue encarregado de algo tão relevante: o controle financeiro da empresa", resumiu.
Defesa. Diante das revelações, governistas saíram em defesa da presidente Dilma Rousseff e disseram que ela não pode ser responsabilizada pelo caso. "Cabe à Petrobrás esclarecer e eu não vejo nenhuma chance de se atribuir à presidente Dilma esse tipo de responsabilidade", argumentou o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).
"Eu já ouvi explicações da presidente (da Petrobrás) Graça Foster dizendo que é próprio do mercado petroleiro aquilo que ocorreu (com Pasadena). Eu nem assino embaixo que isso foi um erro da Petrobrás", concluiu Chinaglia.
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