A pesquisa do Datafolha (divulgada anteontem) específica sobre as revelações a respeito de contratos e de negócios da Petrobras, altamente danosos e em grande parte eivados de corrupção, promovidos ao longo dos governos de Lula e de Dilma Rousseff, mostrou como a opinião pública começa a indignar-se diante de tais revelações. Título da reportagem da Folha de S. Paulo, com os resultados da pesquisa: “Para 78% existe corrupção na Petrobras (40% dos brasileiros acham que Dilma tem muita responsabilidade na compra de Pasadena)”. Cabendo assinalar que o levantamento do Datafolha foi feito no meio da semana passada, antes das edições das revistas e dos grandes jornais com a ampliação e o aprofundamento das denúncias correspondentes e da apuração de parte delas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, bem como da chegada do tema ao rádio e à televisão, de domingo em diante.
Tal aprofundamento e mais revelações de negócios desastrosos e misturados a atos de corrupção (como a venda de refinaria na Argentina a um amigo dos Kirchners, e em contratos da refinaria Abreu e Lima) estão certamente reforçando a indignação social constatada na referida pesquisa. Ao evidenciarem o aparelhamento partidário como causa básica – maior que a incompetência – desses negócios e de suas graves consequências econômicas e éticas. Esse aparelhamento, subordinando a gestão da estatal à hegemonia de quadros do PT, combinou a irracionalidade de atos como os ligados à refinaria de Pasadena, nos EUA, e à da localizada em Pernambuco (um presente de Lula ao “companheiro” Hugo Chávez) ao desvio de vultosos recursos públicos para objetivos políticos e eleitorais do lulopetismo (entre eles a conquista dos governos dos estados da Bahia e de Sergipe), por meio da manipulação de contratos de compras e serviços, como as investigações da Polícia Federal estão descobrindo.
Entre os resultados econômico-financeiros do descalabro, de 2003 a 2014, destacam-se a forte queda do valor dos ativos e das ações da empresa; o rebaixamento da nota de crédito externo e da competitividade; e o salto de seu endividamento, agravado pelos efeitos do prejuízo bilionário com o represamento dos preços dos combustíveis nas bombas, este produto específico do intervencionismo e do populismo do governo dilmista. A tais resultados somando-se o abandono da alternativa relevante do etanol, sacrificada pelos estímulos fiscais concedidos à indústria automobilística, que dobraram o volume de carros e motos em nossas cidades supercongestionadas.
A Petrobras e a Copa – Os problemas da presidente Dilma e do ex-presidente Lula com os escândalos resultantes do aparelhamento partidário da Petrobras não se resolverão com o bloqueio à instalação de CPI ou CPMI, convertido agora em prioridade política central de ambos. Primeiro, porque tal bloqueio, no contexto da crescente cobrança de ampla apuração dos escândalos, mesmo que bem sucedido, terá também um custo alto na opinião pública. Além do custo político que já está tendo ao evidenciar forte dependência do Palácio do Planalto a caciques do PMDB como Renan Calheiros e José Sarney, e ao debilitar o PT diante dos peemedebistas na montagem de palanques eleitorais nos estados, como ocorre com o de Lindbergh Farias no Rio. E, segundo, porque o vulto ganho pela indignação social tende a colocar os escândalos praticados na Petrobras como tema re-levante da pauta dos protestos de rua esperados durante a Copa do Mundo. Cuja possibilidade de se efetivarem se reforça, por outro lado, pela escalada do pessimismo da sociedade sobre a inflação e outros indicadores da economia – e pela queda de popularidade da presidente/candidata, constatada nas últimas pesquisas do Ibope e do Datafolha.
Jarbas de Holanda é jornalista
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