• Partido quer Dilma e Aécio no palanque; PT atrai dois partidos e PR, uma legenda
Cássio Bruno, Letícia Fernandes e Marcelo Remígio – O Globo
RIO — O PMDB fluminense já trabalha com a possibilidade de unir no palanque do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, pré-candidato ao Palácio Guanabara, três nomes que vão concorrer à Presidência da República: Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Pastor Everaldo (PSC). Em reunião recente com prefeitos, Pezão e o ex-governador Sérgio Cabral colocaram em pauta o palanque triplo. A proposta, que impulsionaria a candidatura de Pezão — que já atrai 15 partidos na aliança —, repercutiu entre as legendas adversárias. Petistas do Rio consideraram o assédio do PMDB aos candidatos ao Planalto uma traição por parte da legenda, aliada nacional de Dilma.
A pouco menos de cinco meses das eleições, Pezão ainda não decolou nas pesquisas de intenções de voto. A estratégia do PMDB prevê que, oficialmente, o governador e Cabral ingressem na campanha à reeleição da presidente Dilma. Já os insatisfeitos com o PT trabalharão para eleger o candidato tucano a presidente, senador Aécio Neves (MG). O motivo do descontentamento é a pré-candidatura do senador Lindbergh Farias ao Guanabara. A opção de Pezão e Cabral em respeitar a aliança nacional PMDB-PT foge da unanimidade. Liderado pelo presidente regional, Jorge Picciani, o grupo de descontentes que optou por pedir votos para Aécio quer colocar nas ruas material de campanha associando os dois candidatos. O movimento é chamado “Aezão”, em alusão aos nomes de Aécio e Pezão.
Após reunião do diretório na última quinta-feira, Cabral evitou falar da estratégia de ampliar o palanque de Pezão. Ele se limitou a tentar impulsionar a candidatura. Já o deputado federal Leonardo Picciani disse que foi colocado o desejo de parte da legenda em apoiar Aécio e até Pastor Everaldo:
— Não houve discussão do quadro nacional, foi focado na campanha estadual. Existe, por várias figuras do PMDB, o desejo de apoiar o Aécio, isso está colocado. O PSC faz parte da coligação do Pezão, do governo — disse Picciani, ao confirmar o desejo de uma aliança com os três partidos.
Além do PMDB, somente o PT e o PR de Anthony Garotinho conseguiram fechar apoios. O PT costurou aliança com o PCdoB e o PV, e o PR, com o PTdoB. O PROS, que lançou a pré-candidatura de Miro Teixeira, negocia uma dobradinha com o PSB.
Petistas chamam palanque de “traição”
Petistas criticaram o assédio de peemedebista aos três presidenciáveis. Para o presidente regional do PT, Washington Quaquá, o PMDB está querendo construir no Rio um “palanque da traição” para tentar salvar a candidatura de Pezão. O petista avaliou a proposta peemedebista como “incoerente”:
— Acaba sendo o palanque da traição. Não contempla nenhum dos três aliados. É incoerente. O eleitor é refratário a esse tipo de político.
Para caminhar com o PMDB, a direção regional do PSDB tem de aprovar a decisão em convenção.
Durante os sete anos do governo Cabral, os tucanos fizeram oposição ao comando do Palácio Guanabara.
Apesar das articulações, o partido ainda não decidiu se vai andar com Pezão ou com o ex-prefeito e vereador Cesar Maia (DEM), também pré-candidato a governador. Interlocutores do ninho tucano afirmam que a parceria do PSDB com Cesar está a cada dia mais frágil, o que dificultaria um entendimento, mas uma aliança não é descartada. Segundo o ex-prefeito, as direções regionais de DEM e PSDB voltam a se encontrar esta semana.
Os tucanos — que não desistiram da hipótese de lançar candidato próprio — também conversam com o PROS. A legenda tem à disposição a vaga de vice na chapa do deputado federal Miro Teixeira ao governo do estado. Segundo o deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), os tucanos vão costurar no Rio a aliança que for mais estratégica para Aécio. Já o deputado federal Hugo leal, presidente regional do PROS no Estado do Rio, ressalta a forte indefinição nas alianças partidárias. Sua legenda negocia com, pelo menos, seis partidos.
— As alianças hoje são um mosaico incompleto. São muitas as conversas e as ações, mas pouco são os efeitos. Obviamente que as manifestações sobre uma união do PROS com o PSB no estado avançam. Com o PPS, há uma conversa, mas nada oficial. Também não descartamos um entendimento com o próprio PT, que apoiamos nacionalmente, e com o PR. DEM e PSDB também fazem parte deste mosaico — avalia Hugo.
— O fato é que o PSDB do Rio nunca esteve tão cobiçado, é a noiva mais cortejada do altar. Só uma coisa é certa, nós faremos no Rio o que for mais estratégico para a candidatura do Aécio — diz Otavio.
Enquanto isso, o PSC anunciará nos próximos dias a aliança formal com Pezão. O governador procurou Pastor Everaldo para tentar uma aproximação. A sondagem já tinha sido feita em março por Jorge Picciani, e por Sérgio Cabral, antes de deixar o cargo no início de abril.
— Realmente temos conversado bastante. O governador Pezão é uma pessoa que merece a nossa consideração e estamos nos reunindo na semana que vem (nesta semana) para discutir e consolidar isso. Quem falou comigo diretamente foi o governador Pezão. Estamos dentro do prazo para resolver. O coração está dividido, os outros candidatos também nos ofereceram palanque — afirmou Pastor Everaldo.
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