• Lula se une ao esforço de manter aliança nacional com o PT em apoio à reeleição de Dilma
Maria Lima – O Globo
BRASÍLIA — Para evitar uma debandada de convencionais em outros estados, como acontece no Rio de Janeiro, a cúpula do PMDB montou, com a ajuda do ex-presidente Lula, um quartel-general em Brasília para monitorar a ala rebelde do partido que tenta impedir a reedição da coligação com o PT. A continuidade da aliança garantirá o tempo de TV do partido para a campanha da presidente Dilma Rousseff e a manutenção de Michel Temer na vaga de vice.
Além de Lula, Temer e a presidente Dilma, os telefonemas estão sendo coordenados pelo presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Eliseu Padilha. Ele admite que há traições no Rio Grande do Sul, Pernambuco e Rio, e em menor escala em outros estados, mas que Dilma deve levar o apoio de 70% dos 740 votos na convenção do dia 10. Mas o vice-líder Danilo Forte (CE) diz que tudo vai depender do desfecho da disputa do PT com o PMDB em 15 estados.
— Tem muita espuma do outro lado, quem é contra fala muito. Mas a maioria é silenciosa. Como dizia Ulysses, quem entra naquele quadradinho para votar, sente uma vontade danada de trair, mas nem em Pernambuco perderemos a totalidade dos votos. Apenas o tamanho da vitória é indefinido, mas vamos ganhar — aposta Eliseu Padilha.
Ele admite que há situações ainda delicadas, como a do Ceará, onde o líder do partido no Senado, Eunício Oliveira, pode compor com adversários de Dilma se o PT se juntar aos irmãos Cid e Ciro Gomes (PROS) contra sua candidatura ao governo. E quem está cuidando de Eunício e seus 50 votos na convenção é Lula, que fala diariamente com ele por telefone. Teria oferecido, inclusive, gravar uma mensagem de apoio a sua candidatura.
— Os 50 votos do Eunício podem ir inteiros para um lado ou para o outro. Lula tem ligado para ele não só porque o Ceará é importante, mas porque gosta muito do Eunício — diz Padilha, que já dá como perdidos os votos de Danilo Forte e Aníbal Gomes, do Diretório do Ceará.
E é Danilo quem diz que a situação não está definida a favor de Dilma, apesar dos telefonemas “dramáticos” feitos por Lula, Michel e Padilha para os convencionais em todos os estados.
— Estão fazendo uma marcação cerrada. Uma hora dizem que o partido vai liberar os palanques para qualquer candidato a presidente nos estados. Mas também tem o discurso da misericórdia. Dizem que o Michel não pode ficar na mão, desempregado. Os apelos são dramáticos, mas chegou a hora de pensar num projeto coletivo para o partido, não só para Michel. Essa chantagem emocional não cola — diz Danilo Forte.
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