sexta-feira, 6 de junho de 2014

Pessimismo com economia bate recorde

• Expectativas de inflação e desemprego se deterioram, e 36% dizem que situação econômica do país vai piorar

• Aprovação ao governo Dilma cai para 33% e se aproxima do ponto a que chegou no auge dos protestos de 2013

David Friedlander – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O pessimismo com o futuro da economia disparou e bateu recorde, mostra a mais nova pesquisa Datafolha. Segundo o levantamento, 36% dos brasileiros acham que a situação vai piorar nos próximos meses --taxa oito pontos maior que a da pesquisa anterior, do início de maio.

É a primeira vez que o grupo dos pessimistas supera o dos que acham que tudo fica como está --opinião compartilhada hoje por 32%.

O Datafolha entrevistou 4.337 pessoas entre terça (3) e quinta (5) em 207 municípios. A margem de erro do levantamento é de dois pontos para mais ou para menos.

O levantamento mostra aumento no número de pessoas que está com medo da inflação e até do desemprego, indicador ao qual o governo tem se agarrado para sustentar que a situação econômica não é tão ruim quanto apontam os seus críticos.

Em comparação com a pesquisa de maio, o conjunto das pessoas que acreditam em aumento do desemprego nos próximos meses cresceu seis pontos e atingiu 48%, recorde sob Dilma, somente inferior aos 59% registrados em março de 2009, no auge da crise financeira global, no governo do ex-presidente Lula.

Nos últimos meses, as montadoras intensificaram a concessão de férias coletivas, o que pode ter contribuído para aumentar a sensação de que o emprego corre perigo.

No campo da inflação, apesar das promessas de Brasília de que os preços ficarão sob controle, 64% da população pensa o contrário e acha que a inflação vai subir.

Com isso, o medo do aumento do custo de vida volta ao patamar recorde de abril, depois de cair no levantamento do mês passado e dar a impressão de que o pessimismo com a inflação tinha começado a diminuir.

Como consequência, aumentou também o medo de empobrecer. A porcentagem de brasileiros que espera diminuição no poder de compra dos salários cresceu de 34% para 38%. Esse índice era de 28% em novembro do ano passado e vem subindo.

A aprovação ao governo da presidente Dilma Rousseff caiu, aproximando-se do ponto mais baixo a que sua popularidade chegou no ano passado, em meio às manifestações de rua de junho.

Segundo o Datafolha, 33% dos brasileiros consideram seu governo ótimo ou bom, e 28% acham que ele é ruim ou péssimo, taxa dois pontos maior que a da última pesquisa. A nota dada pelos entrevistados ao governo foi 5,6, a mais baixa desde março de 2011.

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