• Petistas querem que partido, que compõe aliança nacional, apoie a candidatura de Lindbergh Faria ao governo.
Eduardo Miranda - Brasil Econômico
Às vésperas das convenções partidárias para oficializar as alianças nacionais e estaduais, o presidenciável Eduardo Campos (PSB) está correndo o risco de não ter ao seu lado, num palanque fluminense, um candidato ao governo do Rio de Janeiro. O socialista já havia anunciado apoio ao deputado federal Miro Teixeira (Pros), que é muito amigo de Marina Silva, vice na chapa de Campos, mas as negociações estão emperradas há algumas semanas.
O PSB quer satisfazer seus próprios interesses e propôs que a aliança fosse selada apenas nas eleições majoritárias, tendo Campos para presidente, Miro para governador e Romário (PSB) para o Senado. Nas proporcionais, pela vontade dos socialistas, não haveria coligação — ambas as legendas têm três deputados federais na Câmara. O Pros, que não vê a distinção da aliança com bons olhos, também está repensando a possibilidade de caminhar sozinho nas eleições do estado, diante do desempenho de Miro nas pesquisas de intenção de voto.
Esta semana, a situação de Campos no Rio de Janeiro se complicou. O PT nacional interveio na negociação, por não aceitar que o Pros, partido da base aliada do governo federal, feche uma aliança com o PSB para fazer oposição à presidenta Dilma Rousseff. Por isso, o presidente regional do PT, Washington Quaquá, tem conversado frequentemente com o dirigente fluminense do Pros, deputado federal Hugo Leal.
A proposta do PT é que o Pros entre na chapa do senador petista Lindbergh Faria para o governo do Estado. Além da pressão petista influenciando a decisão do Pros, este último tem avaliado que o apoio ao petista é uma das formas de se manter forte no Rio de Janeiro, já que as chances de se coligar, hoje, ao PMDB são mínimas. A chapa do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) está com as atenções voltadas para o PSDB. Ontem, o senador tucano Aécio Neves esteve no Rio e recebeu o apoio "informal" de prefeitos, deputados e vereadores do PMDB.
Internamente, comenta-se que o Pros está empenhado em fazer avançar seu diálogo com os petistas e que o deputado Miro Teixeira aceitaria abrir mão de sua candidatura ao governo do Estado. Mas, segundo integrantes do Pros, o parlamentar tem, também, algumas exigências: uma delas é ser indicado pelo PT como o candidato ao Senado na chapa.
Por isso, o PT fluminense está tentando convencer a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) a tentar a reeleição na Câmara. No final de abril, os petistas já haviam demovido a parlamentar comunista da disputa ao governo do Estado, selando com os comunistas a aliança para apoiar o senador Lindbergh. A vaga única de cada estado no Senado deixa o PCdoB receoso de que Jandira seja derrotada. Na Câmara, a deputada teria mais chances. Em 2010, ela, assim como Romário,
foi eleita com 146 mil votos.
Se o PT conseguir montar o quebra-cabeças com os aliados, aumentam as chances de ter Miro Teixeira na chapa de Lindbergh. Em tese, Jandira Feghali teria ganhos no longo prazo, com um prometido apoio do PT para que a deputada saísse candidata à Prefeitura do Rio numa chapa competitiva.
A ida de Miro e do Pros para a chapa de Lindbergh agrada a duas figuras da política fluminense: Alfredo Sirkis (PSB), que não deixou de demonstrar publicamente sua insatisfação, ao ser preterido como candidato ao governo do Estado e braço fluminense de Eduardo Campos; e o deputado Anthony Garotinho (PR).
Recentemente, o ex-governador rechaçou o apoio a Dilma Rousseff, argumentando que os demais candidatos da presidenta — Pezão, senador Marcelo Crive-11a (PRB) e Lindbergh — têm o apoio de partidos da base aliada, e ele, não. Apesar de dizer que não quer influenciar os 120 filiados do PR estadual, que escolherão nas prévias de 21 e 22 de junho o presidenciável que a legenda deve apoiar, Garotinho faz muitos elogios a Campos diante dos jornalistas.
Em conversa com o Brasil Econômico, o deputado federal Miro Teixeira disse que sua pré - candidatura está mantida e que ele recebeu, na semana passada, um e-mail do primeiro vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, declarando apoio. Embora alguns líderes petistas admitam a real possibilidade de compor a chapa com o Pros, a ordem é não comentar o assunto até que a aliança seja oficializada.
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