• No "Jornal da Globo", candidato diz que sua vitória melhoraria o ambiente econômico
- O Globo
A economia foi um dos principais temas da entrevista que o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, deu ontem ao "Jornal da Globo". Questionado pelo apresentador William Waack sobre como conter a inflação e se está disposto a trabalhar com uma alta brutal dos juros, Aécio afirmou que, se for eleito, o ambiente econômico irá melhorar, pois ele terá uma política fiscal transparente e apostará na previsibilidade. O tucano citou a vitória do presidente Lula em 2002 e disse que as incertezas da época não se repetirão:
- A nossa vitória, eu acredito, gerará um efeito oposto àquele que nós tivemos em 2002, com a vitória do presidente Lula, cercada de incerteza. Nós tivemos uma disparada do dólar, a inflação, que era em torno de 7% chegou a 12%. No momento em que o presidente incorpora os pilares macroeconômicos herdados do governo anterior, esquecendo obviamente o discurso da campanha, há uma estabilidade. A nossa vitória, certamente, já sinalizará claramente para a diminuição dos juros a longo prazo.
Aécio também foi perguntado pela apresentadora Christiane Pelajo sobre o realinhamento de preços públicos e criticou a posição do governo Dilma Rousseff, de conter a inflação represando reajustes, o que, segundo ele, dá errado desde a década de 80.
- Nós temos hoje preços represados de combustíveis, de energia elétrica e de transportes públicos. Tem que haver regras claras e isso não será feito do dia para noite, mas com regras claras que permitam à economia se mover sem sustos. Nós temos que soltar a tampa dessa panela de pressão, mas sem sustos.
Salário mínimo e Previdência
Durante a entrevista, o candidato do PSDB foi perguntado se iria tentar tirar o salário mínimo como fator indexador da Previdência, e foi taxativo.
- Não, nós não cogitamos isso. Inclusive, nós apresentamos um projeto que prorroga até o ano de 2019 o reajuste real do salário mínimo - respondeu.
O candidato foi também questionado sobre a pressão que recebe das centrais sindicais, suas aliadas, para que acabe com o fator previdenciário, o que, segundo especialistas, tornaria o déficit da Previdência ainda menos controlável.
- Olha, eu quero discutir com as centrais sindicais. Não estou assumindo esse compromisso. Eu poderia até fazê-lo, mas seria leviano da minha parte fazê-lo neste momento. Na verdade, o que nós temos discutido com as centrais, com a Força Sindical em especial, são formas de garantir ao aposentado algum ganho real. Nós, inclusive, apresentamos uma proposta que permite acrescentar à correção que já existe hoje, já prevista, um cálculo baseado no aumento médio da cesta de medicamentos, que obviamente são consumidos em maior escala pelos aposentados.
Christiane Pelajo perguntou se isso não iria pioras as contas da Previdência e ele respondeu que o custo é muito pequeno, "algo em torno de R$ 1,5 bilhão ao ano, nada que impacte na Previdência como um todo".
Aécio também afirmou que não pretende mexer nos direitos trabalhistas estabelecidos na CLT, mas está estudando como reorganizar o seguro-desemprego. Aécio também comentou o resultado das pesquisas de intenção de voto, nas quais aparece na terceira posição.
- Eu venho de uma terra que ensina muito cedo que em eleição e mineração, o resultado só vem depois da apuração. Continuo extremamente confiante no projeto que temos para o Brasil, porque é o melhor para o Brasil.
Aécio criticou Dilma Rousseff, dizendo que "o Brasil comprou um bilhete falsificado de loteria" ao apostar que ela seria uma boa gestora, e também Marina Silva.
- Tenho dúvida exatamente sobre isso. Sobre a capacidade que ela (Marina) terá de implementar, no prazo que propõe, o conjunto de medidas ou bondades que apresenta à população.
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