• Participação tinha sido confirmada pela assessoria da presidente
Chico Otavio e Leticia Fernandes- O Globo
Perguntas sobre recessão econômica, inflação, gastos públicos, preços de combustíveis e outros pontos sensíveis da agenda governamental ficaram sem resposta, na noite da última terça-feira, quando a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, deixou de comparecer à entrevista na bancada do "Jornal da Globo", da Rede Globo.
O cancelamento de sua entrevista aos apresentadores William Waack e Christiane Pelajo, no momento em que a candidata petista se vê pressionada pelo crescimento de Marina Silva (PSB) nas pesquisas de opinião, pode ter mostrado certa hesitação para reagir ao novo quadro eleitoral, como analisou ontem Gabriel Rossi, especialista em mídia digital.
Foi a primeira vez, desde 2002, que a série de entrevistas com os presidenciáveis do telejornal sofreu a ausência de um candidato. William Waack explicou no ar que a ordem de participação, decidida por sorteio, também tinha sido aprovada por um representante da campanha de Dilma.
Oito pontos de média
O "Jornal da Globo", que vai ao ar por volta de meia-noite, marca em média oito pontos de audiência (cerca de 520 mil aparelhos de TV ligados por minuto) na Grande São Paulo. Esse patamar supera a maior audiência das TVs SBT e Band, que já fizeram debates entre os candidatos ao Planalto com a presença de Dilma Rousseff. A entrevista de Marina Silva, candidata do PSB, na segunda-feira, teve sete pontos de audiência na Grande São Paulo.
"Entendemos essas entrevista como uma ajuda ao eleitor para que ele faça suas escolhas. A entrevista de hoje (ontem) seria com a candidata do PT, Dilma Rousseff, mas ela se recusou a dar entrevista. Naturalmente, um direito dela", disse William Waack durante o telejornal.
Os dois apresentadores então fizeram no ar as perguntas que seriam feitas à candidata do PT, se ela tivesse comparecido. "Em respeito aos telespectadores, vamos apresentar algumas perguntas que seriam feitas a ela. Infelizmente, sem as réplicas que se fariam necessárias. Os telespectadores ficarão sem resposta, mas saberão o que nós pretendíamos tornar mais claro", completou Christiane Pelajo.
Para Gabriel Rossi, o impacto negativo que recai sobre a petista se dá pela imagem que a ausência passa aos telespectadores, que, analisa ele, respondem mal à hesitação e ao fato de a presidente, que tenta se reeleger, deixar perguntas sem respostas.
- Mostra confusão da campanha, deixa o público sem resposta. Na política, quando você hesita, é um pecado capital. Tem um peso pela característica da eleição, com o fenômeno Marina, e porque a televisão tem influência. As pessoas querem mudança e querem ver quem está apto a encarnar essa mudança, mesmo que seja quem já é presidente - afirmou Rossi.
Ontem à noite, o entrevistado do "Jornal da Globo" foi o candidato do PSDB, Aécio Neves.
Nenhum comentário:
Postar um comentário