• Ex-senadora acusa Dilma de reeditar estratégia usada contra Lula; presidente diz alertar para riscos
Sérgio Roxo e Tatiana Farah – O Globo
SÃO PAULO e BELO HORIZONTE - Diante da polarização apontada pelas pesquisas, as candidatas Dilma Rousseff e Marina Silva trocaram acusações ontem evocando a propagação do medo na eleição presidencial. A presidenciável do PSB disse que a petista esquece os ataques feitos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Já a presidente alegou que fala apenas a "verdade" quando destaca os riscos de um governo da adversária.
Pela manhã, em entrevista realizada pelo site G1, em São Paulo, Marina foi questionada sobre a estratégia adotada pela campanha do PT, que levou ao ar no horário eleitoral gratuito um programa a comparando aos ex-presidentes Fernando Collor de Mello (1990-1992) e Jânio Quadros (1964), que não possuíam base política consistente no Congresso Nacional e acabaram não concluindo os mandatos.
- Acredito profundamente que a esperança venceu o medo. A sociedade brasileira, quando faziam todo esse terrorismo contra o Lula, repetia essa frase. Infelizmente, quem está querendo ressuscitar o medo é a presidente Dilma.
Marina afirmou que considera a estratégia "a pior forma de se fazer política".
- Eu prefiro fazer política pelas duas coisas que orientaram a minha vida: a esperança e a confiança.
A candidata acredita que os petistas adotaram a tática por medo de perder o poder.
- O povo brasileiro tem, acima de tudo, esperança e confiança na sua democracia, que, a duras penas, foi conquistada. Obviamente, a sociedade não vai se deixar amedrontar por qualquer tipo de fraqueza que aqueles, no medo de perder o poder, praticam, inclusive esquecendo o que defenderam.
PSB não vai rebater
A campanha do PSB não pretende rebater a propaganda de Dilma no horário eleitoral. A candidata gravou um vídeo em que afirma estar sendo vítima de ataques, mas que prefere debater propostas porque possui pouco tempo de propaganda (2 minutos e 3 segundos).
No começo da tarde, em Belo Horizonte, Dilma voltou a atacar o programa de governo de Marina, mas negou que seu partido esteja comandando uma "campanha do medo".
- Não é uma questão de medo, mas de verdade - afirmou a petista, para em seguida acrescentar que as propostas de Marina ameaçam o emprego:
- Eu acredito que os empregos dos brasileiros, se você tomar essas medidas que estão sendo propostas, correm risco, sim.
Questionada sobre a comparação entre Collor e Jânio apresentadas no horário eleitoral, a petista disse que se referia à governabilidade:
- O que nós dissemos não é que as pessoas são iguais. O que nós dissemos é que se você não tem número suficiente de deputados você não aprova nenhum projeto. Na democracia, a gente perde e a gente ganha. Inclusive, eu quero dizer que eu perdi algumas vezes, mas ganhei outras tantas no Congresso Nacional e, portanto, a necessidade de negociar é inexorável.
Um dos pontos criticados por Dilma é o que diz respeito à redução dos subsídios dos bancos públicos à economia.
- É absolutamente temerário, inacreditável, que alguém proponha reduzir o papel dos bancos públicos - disse Dilma, que completou:
- O papel dos bancos não é algo que simplesmente se coloca, se escreve que ele vai ser assim, assim, assado. É bom conhecer primeiro como é que funciona, para depois propor. Se não, desestrutura a economia brasileira.
Riscos ao agronegócio
Se na semana passada Marina acenou com incentivos à indústria do etanol, ontem Dilma disse que o corte dos subsídios afetaria diretamente o setor.
- Todos os juros (do Plano Safra) são subsidiados. Sem exceção. Quem banca esse subsídio é o governo federal via Banco do Brasil. Ora, se pararem com isso, o agronegócio brasileiro não tem as mesmas condições não só de gerar a mesma produção, mas de garantir o nosso saldo na balança comercial.
Ao lado do candidato ao governo de Minas pelo PT, Fernando Pimentel, Dilma participou de uma atividade de campanha na periferia de Belo Horizonte. Foi recepcionada por eleitores e jovens contratados para a campanha petista. Enquanto concedia entrevista coletiva, mostrou incômodo com os gritos e cantos da militância. Alguns jovens que acompanhavam o pronunciamento da presidente chegaram a gritar "Marina". Outros, quando a presidente passeava em um carro aberto por uma avenida comercial, pediram a legalização da maconha.
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