• Dilma reage, crescimento de Marina estabiliza, mas ex-senadora mantém vantagem em 2º turno
Juliana Castro, Júnia Gama e Fernanda Krakovics – O Globo
RIO e BRASÍLIA - Duas pesquisas de intenção de voto divulgadas ontem apontam que a presidente Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) mantêm a disputa acirrada pelo Palácio do Planalto. A ex-senadora, no entanto, segue como favorita nas simulações de segundo turno. No Ibope, a petista recuperou três pontos percentuais em relação ao último levantamento e chegou a 37% no primeiro turno. Já Marina cresceu quatro pontos e alcançou 33% das intenções. No Datafolha, a presidente oscilou um ponto percentual para cima e chegou a 35%, enquanto a candidata do PSB manteve os 34%. Como as duas pesquisas têm margem de erro de dois pontos percentuais, Marina e Dilma aparecem em empate técnico em ambos os casos.
Nas pesquisas Ibope de julho e do início de agosto, num cenário ainda com Eduardo Campos, a presidente tinha 38%. No levantamento seguinte, já com Marina, Dilma caiu quatro pontos e só agora retoma o crescimento. Na simulação do segundo turno feita pelo Ibope, Marina venceria com sete pontos de vantagem: 46% a 39%. Antes, a diferença era de nove pontos: 45% a 36%.
No caso do Datafolha, a candidata do PSB venceria Dilma por 48% a 41%. No levantamento anterior, o índice de Marina era de 50% e o da presidente, de 40%. As pesquisas têm intervalos diferentes. O último Ibope havia sido feito entre os dias 23 e 25 de agosto. Já o Datafolha anterior foi realizado em 28 e 29 de agosto.
Alívio no comitê petista
Diante do cenário, os aliados dos presidenciáveis acreditam que o cenário eleitoral começa a estabilizar. A campanha à reeleição de Dilma recebeu com alívio as pesquisas. O temor era que a candidata do PSB ultrapassasse a presidente já no primeiro turno, o que não se confirmou. A análise feita no comitê eleitoral da presidente é que surtiu efeito a estratégia de tentar desconstruir a candidatura de Marina e apontar contradições no discurso da adversária, principalmente questionando como iria implementar suas propostas.
Apesar do alívio, integrantes da campanha à reeleição afirmam que é preciso esperar as próximas pesquisas para ver se Marina atingiu seu teto. De qualquer forma, as sondagens divulgadas ontem deram fôlego e ânimo aos petistas.
Aliado de Marina Silva, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) avalia que os números mostram que o quadro eleitoral está se estabilizando, mas que a candidata mantém a preferência no segundo turno devido a um desejo de "mudança" entre os eleitores.
- As pesquisas mostram que a Marina está consolidada no segundo turno e apresenta grande alternativa de mudança. O fenômeno Marina é um grande desejo de mudança, a maioria das pessoas quer isso. Marina vai para o segundo turno e é a grande favorita para ganhar a eleição. Isso a gente percebe pelo desespero dos adversários, usando a tática de disseminar o terror para conter o crescimento. Marina ainda pode crescer mais, mesmo com pouquíssima televisão - afirmou o senador.
Terceiro colocado nas duas pesquisas, Aécio Neves (PSDB) viu seu índice despencar quatro pontos percentuais no Ibope, chegando a 15%. No Datafolha, o tucano variou dentro da margem de erro, de 15% para 14%. Desde que os levantamentos apontaram a consolidação de sua campanha em terceiro lugar, Aécio tem atacado Marina, referindo-se à candidatura dela como improvisada.
Nas simulações de segundo turno feitas com o nome de Aécio, o tucano perderia em todas. No Ibope, o senador aparece com 34%, bem atrás de Dilma, que tem 47%. No Datafolha, o índice é de 38% para Aécio e de 49% para a presidente. Pela primeira vez o instituto pesquisou o cenário de um eventual segundo turno entre o tucano e Marina. A candidata do PSB aparece com 56%, 11 pontos percentuais à frente do ex-governador.
Em nota divulgada pouco depois dos resultados das duas pesquisas, a assessoria de Aécio disse que o candidato recebeu os números com tranquilidade:
"A campanha eleitoral está entrando na fase em que os candidatos apresentam suas propostas ao país. O senador tem absoluta confiança que o seu programa é o melhor e mais seguro para o Brasil. O reconhecimento dessa proposta levará a Coligação Muda Brasil à vitória".
Aliado de Aécio, o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) disse acreditar que o quadro ainda pode mudar:
- Essa pesquisa pode nos mostrar que houve uma estabilização das mudanças ocorridas desde a entrada da Marina na disputa. É agora, de fato, que a campanha começa, falta um mês. Vamos manter nosso ritmo porque acreditamos que o quadro pode mudar.
Rejeição de Dilma cai, mais ainda é a mais alta
No Ibope, a presidente é a candidata com a maior taxa de rejeição: 31%. Ainda assim, o índice caiu cinco pontos percentuais em relação à última pesquisa. Ao todo, 12% dos entrevistados disseram que não votariam em Marina de jeito nenhum, enquanto o percentual anterior era de 10%. A taxa de rejeição de Aécio permanece em 18%. O jornal "Folha de S. Paulo" e a TV Globo, contratantes da pesquisa Datafolha, não haviam divulgado as taxas de rejeição dos presidenciáveis até ontem à noite.
Tanto o Ibope quanto o Datafolha trazem índices semelhantes na avaliação do governo Dilma. Em ambas, 36% dos entrevistados apontaram a gestão da petista como ótima ou boa. No Ibope, 37% disseram que a administração da presidente é regular e 26% a consideram ruim ou péssima. No Datafolha, o percentual de entrevistados que apontaram o governo da petista como regular é de 38% e os que disseram ser ruim ou péssimo é de 24% . Os índices se mantiveram estáveis com variação dentro da margem de erro.
Integrantes da campanha petista também ficaram satisfeitos com a avaliação do governo e a queda na taxa de rejeição de Dilma. Para a equipe da presidente, os levantamentos mostram que a petista tem um voto consolidado em torno de 35%.
- É natural esse resultado. O que acontece é que, até a entrada definitiva de Marina, ela estava completamente fora de qualquer questionamento. Começou a campanha defendendo as ideias genéricas que ela tem e isso fez com que a população tivesse associado a ela a coisa do novo, da mudança - avaliou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). - A partir do momento em que começaram a ficar claras as propostas concretas que ela defendia, as pessoas pararam para refletir. A tendência agora é a recuperação de Dilma, e Marina tende a perder espaço.
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