- Folha de S. Paulo
As novas pesquisas, em ritmo frenético, comprovam: nunca se deve menosprezar o poder do governo, da máquina, do tempo de propaganda eleitoral na TV e no rádio. Marina Silva é um fenômeno, mas Dilma Rousseff é como aquele personagem: ela tem a força.
Há três semanas, havia quem apostasse na vitória de Dilma no primeiro turno. Depois vieram os crentes na vitória de Marina também no primeiro turno. A disputa, porém, está estabilizada e projeta um longo e duro segundo turno entre as duas.
Marina entrou na onda nacional por mudanças e se transformou ela mesma numa onda vista, daqui e dali, como incontrolável. Marina mexe com a alma do eleitor, um cansaço geral, os vícios incuráveis da política e a evidente oposição de boa parte das pessoas ao PT. Acima do mundo real, produz promessas vagas e palatáveis, como a "união da microeconomia com a macroeconomia".
Dilma foi vítima da mesma onda nacional por mudanças e foi derrotada pela própria condução da economia, mas ela tem o Planalto, com seus aviões, recursos, canetas, assessores e contrapõe ao discurso etéreo de Marina uma profusão de números. São milhões disso, milhares daquilo, dois dentes da dona Nalvinha.
A campanha de Dilma adicionou a isso o discurso do medo, martelando na cabeça do eleitor que faltam a Marina experiência, equipe e base parlamentar. Vem o bicho-papão e devora, como devorou Collor. Se Collor está do lado de Dilma, isso pouco importa. Política é política, marketing é marketing, e o PT é o campeão de marketing. Constrói e destrói verdades ao bel prazer.
O fato, gente, é que era cedo para cantar vitória para Dilma e é cedo para cantar vitória para Marina. Ainda tem muita guerra pela frente e o momento não é só de sobreviver, mas de matar. Aliás, a eleição já fez três vítimas: Eduardo Campos, Aécio Neves e Guido Mantega.
Dilma acaba de demitir Mantega num eventual segundo mandato.
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