• Tucano reafirma, porém, confiança em seu projeto de governo e na vitória
Silvia Amorim – O Globo
SÃO PAULO - Há duas semanas no terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, disse ontem, em entrevista à rádio CBN, que "eleições se perdem". Foi a primeira vez, desde que perdeu a vice-liderança na disputa para Marina Silva (PSB), que o presidenciável falou sobre derrotas eleitorais. Apesar disso, reafirmou confiança na vitória.
- Eu tenho que confiar. Mas não estou dizendo que vou ganhar todas as eleições. Eleições se perdem. Já perdi eleições, inclusive, e acho que se aprende muito com isso. Agora, o que não se pode perder é a capacidade de defender aquilo em que se acredita. Eu vou até o último dia dessa eleição defendendo um Brasil diferente, eficiente e ético - disse o candidato.
A afirmação foi feita após Aécio ser questionado sobre a situação eleitoral em Minas Gerais, onde a campanha tucana tinha planos de abrir uma grande vantagem de votos em favor de Aécio. Com a entrada de Marina na eleição, as pesquisas apontam para um cenário menos favorável ao tucano.
Aécio disse ser precipitada qualquer análise neste momento:
- Vencemos todas as últimas eleições em Minas Gerais e não ganhamos pelo meu sorriso. Mas porque temos uma equipe qualificada.
Boatos desmentidos
O candidato voltou a falar sobre derrota em um outro momento da entrevista, quando criticava projeções de resultados da eleição feitas com base nos levantamentos de intenção de votos. Ontem, nova rodada de pesquisas Datafolha e Ibope mostraram outra queda de Aécio, se distanciando ainda mais de Marina e Dilma Rousseff.
- Essa pressa em fazer o diagnóstico não faz bem à boa política. Ganhar ou perder é normal, é do processo - disse, para completar: - Eu acredito que vou vencer por uma razão: tenho o melhor projeto para o Brasil.
Para o presidenciável, ele vencerá se "a razão prevalecer".
A campanha de Aécio enfrentou nesta semana o seu pior momento até agora. Apesar das pesquisas desfavoráveis, ele teve que convocar uma entrevista para desmentir boatos de que renunciaria à campanha - eles continuam circulando nas redes sociais. Aécio também foi surpreendido por uma declaração do coordenador-geral de sua campanha, José Agripino Maia (DEM), com acenos de apoio a Marina no segundo turno. O candidato desautorizou Agripino publicamente anteontem.
Lideranças tucanas em estados onde a vitória de Aécio era considerada certa já admitem, nos bastidores, que pouco podem fazer para frear Marina.
- Você não vê um adesivo ou santinho dela aqui no estado e, mesmo assim, ela assumiu a frente das pesquisas - afirmou um tucano do Paraná.
Anteontem, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a campanha, diante do "inevitável", tem que contar com o "inesperado".
Segunda divisão
Ontem, o tucano manteve a carga sobre as adversárias. Em uma das críticas, disse que ambas teriam equipes de "segunda e terceira divisão", enquanto ele, uma "seleção".
O tucano priorizou o embate com a candidata do PSB, a quem voltou a classificar como "aventura e incerteza". Ele também reagiu ao discurso de Marina de que irá, se eleita, governar com os melhores de todos os partidos:
- Eu não estou olhando por cima da cerca do vizinho para encontrar quadros que possam me ajudar lá na frente.
À tarde, um tumulto provocado por integrantes de programas humorísticos da TV Bandeirantes impediu o presidenciável de fazer uma caminhada em Santos, no litoral de São Paulo. O vice do tucano, senador Aloysio Nunes Ferreira, chegou a discutir e pedir respeito às equipes dos programas "Pânico" e "CQC".
- Respeitem seus colegas e o candidato que está fazendo campanha - disse Aloysio.
Em meio ao empurra-empurra, uma mulher caiu e quase foi pisoteada.
Aécio estava acompanhado do governador Geraldo Alckmin e conseguiu caminhar apenas alguns minutos pela praça do Centro da cidade. Aécio praticamente não conversou com eleitores. Para evitar ainda mais confusão, entrou em uma tradicional pastelaria da cidade, comeu um pastel, tomou um refrigerante e um suco e foi embora.
A entrevista à imprensa local teve que ser encerrada depois de apenas três perguntas por causa do empurra-empurra. O candidato prometeu, se eleito, decentralizar a gestão do setor portuário:
- Isso permitirá que os investimentos voltem aos portos brasileiros. Eu tenho convicção de que nossa proposta, no que diz respeito à logística, busca diminuir o custo Brasil.
Aécio voltou a dizer que Dilma será derrotada e que Marina, apesar de boas intenções, não teria condições para governar.
- Estou convicto de que Dilma vai perder e vejo que a candidata Marina elenca um conjunto de boas intenções, mas não consigo ver ali as condições adequadas para que a mudança, que a grande maioria dos brasileiros espera, aconteça.
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