• No Rio, tucano diz que presidente deveria ter cobrado punição de tesoureiro do PT no caso Petrobras
Cássio Bruno – O Globo
A uma semana para a eleição presidencial, no próximo domingo, o candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, mobilizou ontem, na orla de Copacabana, na Zona Sul do Rio, pelo menos cinco mil pessoas, segundo a Polícia Militar. Entre elas, políticos de vários partidos, artistas, esportistas, cabos eleitorais e simpatizantes à campanha. Em uma carreata de cerca de uma hora e 20 minutos, pela Avenida Atlântica, o tucano, atraiu a atenção de banhistas e moradores do bairro, onde, no primeiro turno, venceu com 60.587 votos.
Aécio percorreu a orla na caçamba de uma caminhonete. Ao lado dele, estavam a mulher, Letícia, o ex-jogador Ronaldo Nazário, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), o senador eleito José Serra (PSDB-SP) e o presidente nacional do PPS, Roberto Freire. Moradores dos prédios de frente à praia acenavam para o candidato pelas janelas.
Antes da carreata, Aécio Neves adotou um tom menos agressivo do que aquele que marcou os últimos dias de campanha ao dar uma entrevista coletiva no Clube dos Marimbás. Porém, o tucano cobrou da presidente Dilma Rousseff, candidata do PT à reeleição, uma atitude em relação às denúncias envolvendo o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, feitas pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, presos pela Operação Lava-a-Jato, da Polícia Federal. No sábado, Dilma admitiu, pela primeira vez, ter havido desvios de recursos na estatal.
- Não vi nenhuma atitude da presidente em relação àquele que é denunciado pelo delator como receptor da parcela (de dinheiro) que pertencia ao PT, que é o tesoureiro do partido - disse Aécio Neves.
O tucano disse achar uma "evolução" e um "avanço" o reconhecimento de Dilma sobre supostos casos de corrupção na Petrobras:
- É uma evolução, um avanço. Foi isso que eu cobrei dela em todos os debates. Quando pedi uma CPI no Senado, o PT disse que era factoide. Quantas vezes eu ouvi que o "Aécio Neves queria denegrir a imagem da nossa maior empresa". Pois bem: as investigações avançaram. A delação premiada mostra a extensão desta rede. Mas é um avanço a presidente pelo menos admitir que isso aconteceu. Talvez um pouco tarde, mas essa admissão é algo positivo.
E completou:
- Quero nessa última semana fazer aqui um convite a nossa adversária para que nós possamos debater propostas e falar do futuro do Brasil para que os brasileiros conheçam de forma mais clara e profunda aquilo que nos separa - disse Aécio - Sou de uma escola política do meu avô (Tancredo Neves) que diz que quem deve brigar são as ideias, e não as pessoas
Pelo menos 50 policiais militares e 16 homens do Batalhão de Choque acompanharam, além da Guarda Municipal. A carreata saiu do Forte de Copacabana e terminou na altura da Rua Miguel Lemos, em frente ao prédio em construção do Museu da Imagem e do Som. Não houve incidentes durante o trajeto, segundo informou a PM, mas a caminhada provocou engarrafamentos.
Reação de Andréa Neves
Alvo da presidente Dilma Rousseff nos últimos debates, a jornalista Andréa Neves, irmã de Aécio Neves, se emocionou ontem ao falar sobre o caso. A petista acusou o tucano de nepotismo quando era governador de Minas Gerais. Segundo Dilma, Aécio empregou Andréa na área de ações sociais em sua gestão. Segundo a irmã do candidato, a versão é produto das "mentiras do PT" e é pautada por uma "luta covarde e desleal".
- O que impressiona a cada um de nós e a milhões de brasileiros é o absoluto descompromisso com a verdade. Como é que dados são falseados, números são alterados, informações são dadas sem nenhum compromisso com a verdade? Cabe a nós, que estamos próximos ao Aécio agora, manter o coração mais firme e confiar no bom senso das pessoas - disse Andréa.
A jornalista ponderou, entretanto, que confia na população brasileira.
- Essa campanha, com tanta mentira, com tanta calúnia, com tanta infâmia patrocinada pelo PT, vai acabar servindo para alertar a população brasileira a respeito do que está por trás de tudo isso. O que fazemos hoje na reta final é confiar no bom senso dos brasileiros - completou Andrea.
Andréa comentou a atitude de Aécio Neves de acusar o irmão de Dilma, Igor Rousseff, de ter sido, segundo o tucano, funcionário fantasma na prefeitura de Belo Horizonte, na gestão do petista Fernando Pimentel:
- O que ele fez foi reagir a um tipo de calúnia e de massacre. Nossa família foi trazida para o debate político com base em mentiras. Não há nenhum caso de nepotismo em Minas Gerais. Quem disse foi o Ministério Público. Não é questão de opinião. É fato.
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