segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Após denúncias, oposição quer convocar Gleisi Hoffmann para depor na CPI da Petrobras

• Senadora teria recebido R$ 1 milhão do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa

André de Souza – O Globo

BRASÍLIA - Líderes da oposição partiram para o ataque contra a senadora e ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR), após as denúncias publicadas neste domingo que envolvem seu nome nos depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. O líder do Solidariedade na Câmara, o deputado paranaense Fernando Francischin informou hoje que vai apresentar um requerimento com o objetivo de convocar a senadora para que ela deponha na CPI mista da Petrobras no Congresso.

Outros nomes da oposição, como o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), e o deputado Rubens Bueno (PPS-PR), também avaliam chamar a senadora para depor.

Fernando Francischin quer que Gleisi dê explicações sobre a denúncia de que teria recebido R$ 1 milhão do ex-diretor da estatal. Segundo o jornal "O Estado de S.Paulo", a informação partiu do próprio Paulo Roberto Costa, que participa de um processo de delação premiada. O dinheiro teria sido desviado da Petrobras para financiar a campanha de Gleisi, que tentava uma vaga ao Senado em 2010.

Segundo Francischini, está claro agora por que Gleisi tentou retardar a instalação da CPI que investiga irregularidades na estatal.

“No dia em que Renan Calheiros (presidente do Senado), outro citado pelo Paulo Roberto Costa, ia instalar a comissão a Senadora Gleisi fez uma questão de ordem alegando ‘fatos desconexos’, o que atrasou ainda mais a instalação. Escalaram ainda Gleisi para apresentar ações judiciais no STF contra a instalação da CPMI da Petrobras. Agora está explicado o motivo pelo qual a presidente Dilma Roussef e a senadora Gleisi Hoffmann, ex-ministra da Casa Civil da Presidência da República, lutaram tanto para impedir a abertura da CPMI da Petrobras", informou Francischini por meio da assessoria de imprensa.

Já Antonio Imbassahy (PSDB-BA), também avaliam chamar Gleisi para depor na CPI. Ele disse já ter conversado com o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PPS-PR), sobre o assunto. Mas Imbassahy mostra dúvidas sobre a viabilidade de conseguir convocá-la.

— É um fato grave, porque ela exerceu um cargo importante. A função era da mais íntima relação e confiança, na antessala da presidente da República. O que ela está dizendo não é suficiente para isentá-la. Estamos pensando, vamos discutir na segunda-feira com mais líderes de oposição, convocá-la para que deponha na CPI — disse Imbassahy, acrescentando: — Eu acho que conseguir uma aprovação é difícil, porque a maioria dos governistas (na CPI) é esmagadora, e está mais que claro que operam sob orientação do Palácio do Planalto para não deixar investigar.

A reportagem diz que o ex-diretor da Petrobras recebeu um pedido do doleiro Alberto Youssef para “ajudar na candidatura de Gleisi”. Ele ainda afirmou que Paulo Bernardo, ministro das Comunicações e marido da senadora, teria recebido o dinheiro. Segundo o depoimento de Costa, o repasse de R$ 1 milhão para a campanha seria comprovado através das anotações que ele mesmo fez em sua agenda pessoal, apreendida pela Polícia Federal no dia 20 de março, três dias depois de deflagrada a operação Lava Jato.

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