- Folha de S. Paulo
A maior votação proporcional de Dilma foi no Maranhão, onde ela teve o recorde de 78,8% dos votos, perto da unanimidade.
Controlado há meio século pelo clã Sarney, o Estado votou sempre nos Sarneys ou nos indicados pela família para o palácio dos Leões e a favor do governo federal, qualquer que fosse o governo.
Votou com a ditadura militar, na reeleição de FHC em 1998, na de Lula em 2006 e agora na de Dilma, que também venceu entre os maranhenses em 2010, quando representava o continuísmo do PT e de Lula. A exceção foi em 2002, quando o Estado, puxado por Sarney, optou por Lula.
O lema no Maranhão é: "Há governo, sou a favor". Ser a favor, porém, não tem alavancado o progresso do Maranhão. Ao contrário, parece apenas consolidar dramática e melancolicamente um situação que parece não mudar nunca. É como se fosse assim mesmo, escrito nas estrelas, definido por uma divindade do mal.
Apesar de toda essa fidelidade canina ao grande líder do Estado e aos governos de plantão, o que ocorreu com o Maranhão? Só colecionou nesse meio século, década após década, recordes negativos. É o último, ou está entre os últimos, no IDH, no saneamento, no ensino de português e de matemática...
Em 2014, pela primeira vez em tantas décadas, o Maranhão esboçou um basta, vencendo o candidato dos Sarneys e do governo federal e elegendo o alvissareiro Flávio Dino (PCdoB), mas ele não terá vida fácil. Há tanta coisa para fazer, há tanto vício na máquina, há tanta carência de quadros para mudar.
À espreita, estará uma oposição pronta para dar o bote. O senador José Sarney não concorreu no Amapá, a governadora Roseana Sarney não concorreu no Maranhão, mas eles não sumiram do mapa.
Apesar da rebelião pró Dino, o Maranhão confirmou mais uma vez a vocação governista com o recorde de quase 80% para Dilma. Que, desta vez, não seja tão tristemente em vão.
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