• Após acusar tucanos de elitismo, em São Gonçalo, Lula foi para a suíte presidencial do Copacabana Palace
De São Gonçalo ao Copa
• Em evento de campanha, ex-presidente Lula lembra infância humilde e, pouco depois, faz check-in em suíte presidencial com diária de r$ 7 mil
Cleo Guimarães e Marco Grillo - Globo
Discurso e realidade
Na manhã de ontem, num evento de campanha realizado no Calçadão de Alcântara, em São Gonçalo (RJ), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lembrou sua origem humilde e destacou que é filho de mãe analfabeta. Em seguida, em cima de um carro aberto, usando o clássico boné vermelho, acusou o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, de ser "filhinho de papai" e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de ser da elite e de "não querer que o pobre estudasse".
- A elite brasileira não queria que pobre estudasse. Lugar de pobre não é ser pedreiro, é ser engenheiro. Isso que incomoda essa gente. O que eles não gostam é que nós aprendemos a andar de cabeça erguida - disse Lula, que, pouco depois de encerrado o evento, por volta do meio-dia, fez check-in na suíte presidencial do Copacabana Palace, um quarto de 300 metros quadrados, que custa R$ 7 mil por dia. Outros três quartos, com diária de pelo menos R$ 1.500, também foram utilizados por sua comitiva na passagem pelo Rio de Janeiro.
Segundo revelou o blog da coluna Gente Boa na tarde de ontem, o espaço batizado como "penthouse" fica no sexto andar do edifício mais famoso de Copacabana e divide um terraço e uma piscina de pastilhas negras com apenas outros seis apartamentos - justamente aqueles que têm as diárias mais caras do hotel.
O quarto de número 601, escolhido por Lula, tem vista para o mar, dispõe de serviço de mordomo 24 horas por dia e de "uma adega especial de vinhos exclusivos".
Além disso, o hóspede tem direito a menu de travesseiros e recebe uma chave especial, utilizada no elevador para manter o acesso restrito ao andar exclusivo.
Por essas características de luxo e segurança, a "penthouse" já acolheu personalidades do mundo da política, como a chanceler alemã, Angela Merkel, e o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy. Já hospedou ícones da cultura internacional, como o roqueiro Mick Jagger, o ator Tom Cruise, a cantora Madonna e o astro Will Smith. Segundo consta, é a preferida da modelo internacional Gisele Bündchen, mas jamais recebeu a presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff.
Instituto nega pernoite
O check-in de Lula, que não estava acompanhado pela esposa, Marisa Letícia, foi feito logo após o evento em São Gonçalo. Em seguida, ele entrou no quarto e por lá ficou. Por volta das 17h, o ex-presidente alterou seus planos e retornou a São Paulo. Ele deixou o hotel pouco depois, levando suas malas. O hóspede da "penthouse" não precisa ir ao balcão para realizar o check-out. Este é mais um dos benefícios criados pelo hotel para agradar aos clientes do sexto andar.
Na reserva original do petista, realizada por uma agência de viagens, estavam previstos oito quartos, entre eles a "penthouse". No entanto, apenas quatro foram efetivamente utilizados pela comitiva. O quarto de Lula é citado pelo site de hotelaria Web Luxo como uma das suítes mais cara do país. Não há informações, no entanto, sobre a categoria e o valor dos outros apartamentos. A diária mais barata do Copacabana Palace ontem era de R$ 1.500.
Enquanto Lula se hospedava no Copa, Dilma Rousseff passou o dia no hotel Windsor Barra, na Zona Oeste do Rio.
Procurado para comentar a reportagem, o Instituto Lula informou que o ex-presidente não pernoitou no Copacabana Palace. Destacou que ele apenas almoçou no hotel e que passaria a noite de ontem em São Paulo. Os assessores de imprensa da entidade afirmaram que Lula teve gastos no Copa, mas não souberam dizer se eles seriam pagos pela campanha da presidente Dilma Rousseff ou pelo próprio instituto.
A passagem de Lula pelo Copacabana Palace lembra o episódio de 2002, quando o então candidato do PT à presidência recebeu do marqueteiro Duda Mendonça uma garrafa do famoso vinho Romanée-Conti. A bebida serviu para brindar o fim de um debate realizado na TV Globo. Na época, a garrafa safra 1997 valia cerca de R$ 6 mil.
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