• Cúpula do partido se revolta por não ter sido consultada e ameaça impedir votação da meta fiscal
Fernanda Krakovics - O Globo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff convidou, na última quarta-feira, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), que é presidente da Confederação Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), para assumir o Ministério da Agricultura, e ela aceitou. Porém, o vazamento da informação, nesta sexta-feira, abriu uma crise no comando do PMDB, que não foi consultado. Pegos de surpresa, peemedebistas ameaçam se unir à oposição e implodir a votação do projeto de lei que altera a meta fiscal na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, caso o governo confirme oficialmente a ida da senadora para a pasta.
Filho da senadora, o deputado federal Irajá Abreu (PSD-TO) chegou a parabenizar a mãe na rede de microblogs Twitter, “por mais essa conquista”. Irajá, que também reproduziu uma notícia informando que sua mãe fora convidada para o ministério e havia aceitado, acabou retirando a publicação da rede social.
Atualmente, o Ministério da Agricultura é da cota dos peemedebistas da Câmara, e Kátia é considerada uma “cristã nova” na bancada do Senado. Ela trocou o PSD pelo PMDB há apenas ano, e há senadores peemedebistas mais antigos na fila por um ministério.
Dilma ainda não abriu a conversa com os partidos sobre a reforma ministerial. Segundo peemedebistas, a informação do Palácio do Planalto era que a presidente estava tratando apenas da equipe econômica, que pretendia inicialmente anunciar ontem. Só depois ela negociaria os demais ministérios. O vice-presidente da República, Michel Temer, que é presidente do PMDB, não foi informado sobre o convite feito à Kátia e só ficou sabendo ontem, quando a informação vazou.
Hoje, o PMDB tem cinco ministros: Edison Lobão (Minas e Energia), Garibaldi Alves (Previdência), Moreira Franco (Aviação Civil), Neri Geller (Agricultura) e Vinícius Lages (Turismo). Parte do partido defende a permanência de Geller na Agricultura. Ele também tem como padrinho o senador Blairo Maggi (PR-MT).
A saída de Lobão do Ministério de Minas e Energia é dada como certa. Ele ficou desgastado depois de ter sido citado no escândalo da Petrobras. O ministro nega envolvimento no esquema de desvio de dinheiro. Ainda assim, diante do aprofundamento da operação Lava-Jato, da Polícia Federal, a presidente deve tirar o PMDB do comando da pasta e colocar alguém de sua confiança.
Aproximação gradual
Com a devassa que está sendo feita pela Polícia Federal e pela Justiça na Petrobras, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, integrantes do PMDB afirmam que a pasta virou um “pepino” e que o partido não faria questão de mantê-la. Mesmo assim, vão tentar uma compensação.
Egressa do DEM, Kátia Abreu foi um dos expoentes da oposição na gestão de Lula. A aproximação do governo foi feita em etapas. Primeiro, ela se filiou ao PSD, criado pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab para dar suporte ao governo, mas que, num primeiro momento, adotou postura de independência. Ela se aproximou de Dilma durante a discussão do marco regulatório dos portos, matéria de interesse da bancada ruralista para escoamento da produção.
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