• Ex-gerente de diretoria da estatal diz ter embolsado mais de R$ 100 milhões
Jailton de Carvalho – O Globo
BRASÍLIA - Depois de fazer acordo de delação premiada, o ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco confessou ter recebido US$ 22 milhões em propina da SBM, empresa holandesa de afretamento de navios-plataforma. Ao todo, o ex-gerente afirma ter recebido mais de US$ 100 milhões na intermediação de contratos entre grandes empresas e a maior estatal brasileira. O ex-gerente confessou também que recebe propina por negócios escusos na Petrobras há 18 anos, disse ao GLOBO uma pessoa vinculada à investigação.
Barusco fez a confissão num dos depoimentos que vem prestando ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal em Curitiba desde que decidiu firmar um acordo de delação premiada com a força-tarefa encarregada das investigações da Lava-Jato. Pelo acordo, Barusco se comprometeu a devolver cerca de US$ 100 milhões, algo em torno de R$ 253 milhões, o maior volume de dinheiro que um investigado resolve devolver aos cofres públicos a partir de uma investigação criminal no país.
São US$ 97,5 milhões depositados em contas no exterior e mais R$ 6,5 milhões que estão guardados em contas bancárias no Brasil. Do total em reais, Barusco vai devolver R$ 3.250.000 para o Ministério Público em Curitiba, que investiga fraudes na Petrobras a partir de negócios do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef com grandes empreiteiras. Outros R$ 3.250.000 serão entregues ao Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, que está à frente das investigações sobre pagamentos de propina de representante da SBM para ex-diretores e funcionários da Petrobras.
Os valores das propinas confessadas por Barusco por iniciativa própria surpreenderam até mesmo autoridades acostumadas a investigar grandes escândalos financeiros. Um dos investigadores quis saber como o engenheiro tinha acumulado tamanha fortuna. Os recursos são suficientes para financiar uma campanha à Presidência da República. Barusco respondeu que recebe propina por negócios nebulosos na Petrobras desde 1996. Por isso, teria acumulado mais dinheiro desviado que outros ex-diretores.
Cúmplice de Duque
Barusco é apontado como um dos supostos cúmplices do ex-diretor de Serviços Renato Duque. O ex-diretor teria sido indicado para o cargo pelo PT. Ele nega. Durante um dos depoimentos, um dos investigadores perguntou se parte do dinheiro desviado pelo engenheiro teria algum partido ou grupo político como destinatário. Barusco respondeu negativamente. “Esta era a parte da casa”, disse.
Barusco negociou o acordo de delação por intermédio da advogada Beatriz Catta Preta. O acordo foi assinado na última terça-feira. O engenheiro decidiu colaborar porque foi avisado pelo amigo Júlio Camargo, executivo da Toyo Setal, que seria denunciado. Com receio de ser preso, ele se antecipou e começou a contar tudo. Barusco se aposentou na Petrobras em 2010 e, a partir daí, foi diretor de Operações da Sete Brasil, empresa que tem contrato de US$ 80 bilhões com a Petrobras.
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