• Especialista em contas públicas, economista ajudou no ajuste fiscal no governo Lula
Eliane Oliveira – O Globo
BRASÍLIA - Nome bem-visto pelo mercado, o carioca Joaquim Levy foi secretário do Tesouro Nacional na gestão do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci num momento difícil da economia, quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência da República, em 2003. Levy foi um dos responsáveis pelo ajuste fiscal feito à época, que deu credibilidade ao governo e pôs as contas em ordem.
Especialista em contas públicas, Levy foi chefe da assessoria econômica do Ministério do Planejamento, na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Também foi subsecretário de Política Econômica da Fazenda e, em seguida, passou a secretário do Tesouro, cargo que deixou, três anos depois, para assumir a vice-presidência de Finanças e Administração do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). De lá, foi convidado para ser secretário da Fazenda do estado do Rio, no primeiro mandato do governador Sérgio Cabral.
Atualmente, Levy é diretor-superintendente do Bradesco Asset Management (Bram), com a tarefa de consolidar seu processo de internacionalização. Sua ida para a Fazenda foi uma indicação do presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro Brandão.
Nascido em 1961 no Rio de Janeiro e formado em Engenharia Naval, o novo ministro da Fazenda é doutor em Economia pela Universidade de Chicago. Por isso, sua linha de atuação é mais afinada com o pensamento econômico em defesa do livre mercado e distante da linha desenvolvimentista de Dilma.
A indicação de Levy para ministro da Fazenda foi bem recebida pelo mercado financeiro. Um executivo ouvido pelo GLOBO classificou-o como preparado para o desafio: “alguém que conhece bem as políticas públicas e também o sistema financeiro”.
— É alguém preocupado em criar uma agenda positiva para os empresários. O maior problema do Brasil é a crise de confiança — disse o executivo, acrescentando que, se ele aceitou o cargo, é porque obteve garantia de liberdade de ação à frente da Fazenda. — Ele é um cara que trabalha sete (dias) por 24 (horas).
Sob o comando de Levy, o patrimônio cuidado pela gestora de recursos do Bradesco passou de R$ 184 bilhões, em junho de 2010, para os atuais R$ 335 bilhões. Já, quando era secretário do Tesouro, Levy foi o responsável por zerar a cobrança de Imposto de Renda para investidores estrangeiros em títulos públicos, o que ajudou a atrair mais recursos para o país.
No mesmo período, Levy levou a melhor numa queda de braço com Henrique Meirelles, então o poderoso presidente do Banco Central. Levy defendeu que as emissões de títulos da dívida externa do país, atribuição que era do BC, passassem para a ser feitas pelo próprio Tesouro Nacional. E ganhou a briga. O Tesouro, hoje, é quem cuida de suas captações externas.
Nos três anos e meio que ficou à frente da Secretaria estadual de Fazenda do governo do Rio, Joaquim Levy foi responsável por criar o modelo de gestão fiscal que ajudaria o governo a ter sucessivos recordes de arrecadação. E o modelo foi organizado a partir de algumas medidas, entre elas, a reestruturação da Secretaria, que não fazia concurso para novos fiscais há 17 anos.
O governador Luiz Fernando Pezão aprovou a escolha. Quando Levy era secretário de Fazenda, o atual governador ocupava a Secretaria de Obras do estado, e teve que botar a pasta para funcionar com pouco dinheiro:
— Ele é botafoguense doente igual a mim. Vai ver tudo de perto, acompanha tudo. É um grande executivo. Não tinha ninguém melhor no mundo para juntar dinheiro igual a ele. Nos dois primeiros anos do governo (Cabral), a tesoura cantou. (No ministério) Acredito que ele vai virar o jogo em um ano.
Integrantes do governo Cabral confirmam que ele é da linha ortodoxa e não gosta de improvisar. No Rio, estendia a jornada até tarde da noite para cumprir as metas do governo. Mas mantinha a rotina de visitar, de tempos em tempos, a família que ficou nos Estados Unidos, quando ele se transferiu para o Rio.
Levy estava em Paris com Cabral, outros secretários e o empresário Fernando Cavendish, em 2009, no episódio batizado pela imprensa como a “farra dos guardanapos”. Em fotos divulgadas à época, Cabral e alguns secretários aparecem celebrando com guardanapos na cabeça. Levy, no entanto, não está entre eles.
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