- Folha de S. Paulo
O PT não gostou nem um pouco, mas a equipe de Dilma Rousseff já ensaia o discurso em defesa da escolha de Joaquim Levy para substituir Guido Mantega no comando do Ministério da Fazenda.
Tudo bem que ele é um economista adepto da ortodoxia, algo considerado uma doença para petistas. Mas hoje, dizem dilmistas, o futuro ministro, tudo indica, está bem mais maduro e mais consistente.
Fazem questão de lembrar que Levy fez críticas aos juros altos quando era secretário do Tesouro do governo Lula. Reclamava que cumpria sua parte no controle de gastos e o Banco Central exagerava um pouco no aperto da política monetária.
Além disso, o Palácio do Planalto aposta numa equipe econômica mais equilibrada neste segundo mandato, criando um ambiente para um "debate saudável" sobre os rumos da economia brasileira a partir de 2015.
De um lado, Levy e sua ortodoxia. De outro, Nelson Barbosa com sua visão mais desenvolvimentista no Ministério do Planejamento. E, no BC, Alexandre Tombini mirando a inflação no centro da meta.
No primeiro mandato, só deu a linha desenvolvimentista. Se gerou desemprego baixo e renda do trabalho em alta, deixou inflação elevada, juros salgados, rombo nas contas externas e crescimento medíocre. Mistura explosiva e pronta para destruir as conquistas sociais.
Não por outro motivo Dilma Rousseff fez o que fez. Para surpresa de amigos, depois de bater na Neca do Itaú na campanha, convidou o Trabuco do Bradesco e escolheu Joaquim Levy para Fazenda, também do Bradesco e adepto da mesma cartilha econômica de Armínio Fraga.
Total incoerência com o discurso eleitoral, daí a tristeza no mundo petista. Pior, porém, seria insistir nos erros que estavam levando o país a um quadro de estagflação.
Agora, depois dos bons sinais na escolha da nova equipe, é preciso saber como Dilma Rousseff exercerá seu papel de árbitra da economia.
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