• Operadores eram chamados por apelidos
Rubens Valente, Fabiano Maisonnave e Estelita Hass Carazzai – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA / CURITIBA - Três misteriosas figuras, conhecidas pela alcunhas de "Tigrão", "Melancia" e "Eucalipto", eram os responsáveis por arrecadar o dinheiro em espécie de parte da propina do esquema na Petrobras, segundo o empresário da Toyo Setal Augusto Ribeiro de Mendonça Neto.
A Polícia Federal tem feito indagações em vários depoimentos de empreiteiros presos na Lava Jato para tentar descobrir a real identidade dos três personagens.
O primeiro foi descrito por Mendonça Neto como "moreno, 1,70 m a 1,80 m de altura, meio gordinho, e com idade aproximada de 40 anos".
Outro delator da Lava Jato, o executivo da Toyo Setal Julio Camargo, disse que os emissários "eram todos homens, sendo que um deles era mulato, forte, 1,85 m, idade aproximada de 55 anos e outro era de estatura baixa, bem branco, idade aproximada de 60 anos".
Em seu depoimento, Julio Camargo afirmou que doou, por meio de suas empresas Teviso, Auguri e Piemonte, R$ 4,2 milhões nas eleições de 2008, 2010 e 2012, a políticos de 11 partidos.
Segundo ele, as doações foram feitas "dentro dos limites previstos em lei e de forma espontânea", a pedido dos candidatos ou dos partidos. Com alguns deles, como o senador Delcídio Amaral (PT-MS) e o ex-senador Romeu Tuma (PTB), morto em 2010, Camargo disse ter apenas relações de amizade.
Miami
No depoimento, Julio Camargo também contou que pagou compras em Miami (EUA) feitas por Eduardo Leite, vice-presidente da Camargo Corrêa e um dos executivos presos na Operação Lava Jato, que investiga fraudes em licitações da Petrobras.
Camargo, que fez acordo de delação premiada, disse que desembolsou cerca de US$ 400 mil (R$ 1,02 milhão) para "fornecedores de móveis em Miami" de Leite entre 2012 e 2013. A transferência teria sido feita por meio de uma conta do executivo da Toyo Setal na Suíça.
O executivo afirmou também que pagou R$ 1 milhão para a empresa Maquian Design, que pertence à mulher de Leite, Mylene, em troca de ela ter apresentado um projeto para equipar um de seus escritórios. Outra empresa acabou sendo contratada para fazer o serviço.
Camargo disse no depoimento que o pagamento a Mylene foi para atender "a uma reciprocidade pelo bom relacionamento" e que o valor "foi de fato muito superior ao que deveria ser cobrado".
Sobre contratos da construtora Camargo Corrêa com a Petrobras, o executivo afirmou que tinha a função de "viabilizar os compromissos na área de engenharia, isto é, efetivar os pagamentos das propinas exigidas".
Com o dinheiro recebido em contratos como consultor, Camargo pagava as propinas a funcionários da Petrobras, segundo seu relato. Em uma das obras, contou à equipe da Lava Jato, chegou a receber uma comissão de R$ 48 milhões, dos quais R$ 12 milhões eram para suborno.
Procurada pela reportagem, a defesa de Eduardo Leite não respondeu aos pedidos de esclarecimento.
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