• Em discurso na tribuna, tucano volta a atacar decreto do governo
Cristiane Jungblut – O Globo
BRASÍLIA - A oposição não poupou críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff na sessão de ontem no Congresso. No mais inflamado e ácido discurso feito em plenário desde a campanha eleitoral, o presidente nacional do PSDB e candidato derrotado nas eleições, senador Aécio Neves (PSDB-MG), disse ontem que cada parlamentar da base aliada tem um "preço" para votar a favor da proposta que muda a meta fiscal de 2014 e que Dilma deixa o Congresso de "joelhos e de cócoras".
Aécio afirmou que se referia ao fato de Dilma ter condicionado a liberação de verba para pagamento das emendas parlamentares à aprovação da proposta que permite ao governo descumprir a meta fiscal de 2014. A presidente editou decreto liberando uma verba de R$ 444,7 milhões para as emendas, o que dá uma cota individual de R$ 748 mil para cada um dos 594 parlamentares (513 deputados e 81 senadores).
Aos berros, base reage a discurso
O discurso do tucano provocou gritos, aplausos e vaias dos parlamentares dos partidos da base.
- Não foi a verdade, a sinceridade que venceu essas eleições. Hoje, a presidente da República coloca de cócoras esse Congresso, ao estabelecer que cada parlamentar tem um preço. Cada um vale R$ 748 mil! Isso é uma violência jamais vista nesta Casa! Estarei vigilante. É triste hoje! - disse Aécio, aos gritos e tendo a voz abafada por aplausos e protestos dos governistas. - Hoje, a presidente da República coloca de joelhos sua base no Congresso.
Depois, em entrevista, o tucano disse que é a oficialização de uma prática:
- É a institucionalização do toma lá dá cá. Infelizmente é isso: o governo institucionalizou a chantagem. E o que é mais vergonhoso: boa parte da base de sustentação parece que aceita esse tipo de relação com o governo - afirmou Aécio.
Os aliados reagiram, aos gritos:
- Está enganado, está enganado - gritavam parlamentares da base.
O líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), disse que o governo tentava impor um "tratoraço à oposição":
- É responsabilidade da base do governo vir aqui - disse Mendonça.
Mais enfático, o líder da Minoria no Congresso, deputado Ronaldo Caiado (GO), disse que o Parlamento do Brasil não era "na Venezuela".
- Aquela imagem de uma senhora sendo engravatada por um segurança do Congresso está correndo o mundo! - disse Caiado.
Já o PSOL anunciou que vai ingressar com um projeto de decreto legislativo (PDL) suspendendo o artigo do decreto presidencial que vincula a liberação de emendas à aprovação da proposta que muda a meta fiscal de 2014. No Senado, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) já havia apresentado PDL pedindo a suspensão de todo o decreto.
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