Folha de S. Paulo
Ao que tudo indica, os envolvidos no esquema de desvio de recursos da Petrobras abriram um novo ramo de negócios no país: a lavanderia oficial de propina.
O depoimento de Augusto Ribeiro de Mendonça Neto para a Polícia Federal e o Ministério Público é impressionante. Nada menos que R$ 4 milhões do esquema entraram nos cofres do Diretório Nacional do PT, entre 2008 e 2011, pela porta da doação oficial de campanha.
O que foi dito ainda precisa ser provado. Mas as declarações do executivo foram feitas na tentativa de garantir na Justiça um abrandamento das penas que terá que cumprir por ter participado da roubalheira descoberta pela PF. A diferença entre mentira e verdade, nestes casos, é medida em anos de cadeia.
Lavar dinheiro sujo usando um mecanismo que é checado pela Justiça Eleitoral coloca em suspeição todo o sistema de financiamento de campanhas usado pelos partidos políticos no Brasil. Não é pouca coisa.
Mendonça Neto explicitou a participação do PT no empreendimento. Mas quem garante que a lavanderia não tinha clientela mais ampla?
O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa já afirmaram à Justiça que a lista de beneficiários do esquema é vasta e de cores políticas variadas.
Suspeitar que o mecanismo de lavagem oficial lançado pelo "clube" de empreiteiras foi usado por outras legendas não é mera especulação.
Mesmo considerando que as informações prestadas por Mendonça Neto ainda precisam ser averiguadas, há um efeito político imediato.
Apesar de todo esforço feito pelo Palácio do Planalto até agora, a distância entre o desfalque dos cofres da maior estatal do país e o gabinete presidencial ficou mais curta.
A oposição vai aproveitar ao máximo o caso para desgastar ainda mais o governo petista, que apanha, sem descanso, desde o final das eleições.
A lista de problemas a serem enfrentados parece não ter fim.
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