Daniela Lima, Gabriela Terenzi e Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Em um discurso carregado de críticas indiretas aos seus principais adversários, o governador Geraldo Alckmin afirmou neste domingo (29) que São Paulo não quer "esperteza" nem "arrogância". De acordo com ele, muitos semeiam o "caos" e a "discórdia", mas não chegaram ao governo estadual e "não chegarão".
"São Paulo não quer saber de contabilidade criativa. São Paulo não quer esperteza ou arrogância, mas quer experiência e honestidade", criticou.
O tucano, cuja candidatura à reeleição foi lançada neste domingo (29) na convenção estadual do partido, ressaltou que "não existe atalho na vida pública" e que não há "jeitinho" para conseguir avanços em educação, saúde ou segurança.
A afirmação se refere ao fato de os principais adversários do governador, Alexandre Padilha (PT) e Paulo Skaf (PMDB), nunca terem exercido um mandato público e eletivo. "Foi sem atalho que chegamos até aqui", afirmou.
"Pode-se enganar algumas pessoas, mas não se pode enganar todas as pessoas todo momento", disse o governador, reproduzindo citação do ex-presidente americano Abraham Lincoln (1809-1865), que governou os EUA de 1861 a 1865.
Em um discurso de tom ufanista, no qual ressaltou o "orgulho" de ser paulista, o tucano resgatou o legado do partido nos últimos 20 anos em São Paulo, enumerou obras feitas pela sigla e citou três vezes o seu principal padrinho político, o ex-governador Mário Covas, de quem já foi vice.
Em um aceno ao pré-candidato do PSDB à sucessão presidencial, o senador Aécio Neves, citou o ex-presidente Tancredo Neves –avô do senador mineiro– e declamou trecho de poema do poeta Carlos Drummond de Andrade, natural de Itabira (MG).
"Fácil é sonhar todas as noites, difícil é lutar por um sonho", disse.
Críticas
Os tucanos aproveitaram a convenção do partido para subir o tom contra o PT e o governo Dilma.
Aécio Neves insinuou que o PT assumiu o governo federal para fazer seus dirigentes ascenderem economicamente.
"Infelizmente, a vitória para eles não significou apenas uma oportunidade de exercer um projeto de poder, mas a possibilidade de ascensão econômica."
Antes, o ex-governador de São Paulo José Serra acusou o PT de fazer uma "pregação terrorista" contra a oposição que, segundo ele, não tem mais o que oferecer ao país.
O deputado Márcio França (PSB), candidato a vice-governador na chapa de Alckmin, defendeu a chapa formada com os tucanos, fruto de "muitas conversas", e fez uma crítica velada ao PSD.
"Que bom que ainda temos políticos no padrão Geraldo Alckmin. Aliás, governador, vale a ressalva: que bom que nós conseguimos purificar a nossa canoa. Porque na nossa canoa havia gente que não cabia direito nesse padrão. Que bom que escolheram outros caminhos. Vão se sentir melhor por lá certamente", alfinetou França.
Na sexta-feira (27), o presidente do PSD e ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, anunciou apoio à candidatura de Paulo Skaf (PMDB) ao governo estadual. No plano federal, a sigla apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
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