- Folha de S. Paulo
A Copa do Caos virou a Copa das Copas depois que a bola começou a rolar. Duas versões cujos fatos, de ontem e de hoje, confirmam, pelo menos em boa parte, o que se passa no país do futebol.
Vamos por partes. Lula e Dilma saíram da retranca e partiram para o ataque. Com pose de campeões antecipados, batem nos que entoaram o coro do "Não vai ter Copa", que está sendo "extraordinária".
Compreensível e até justo. Eles viveram meses numa agonia só. De fato, difundiu-se uma versão de que a Copa seria uma tragédia, e o Brasil passaria um enorme vexame.
Deu-se o contrário. O país entrou no clima de Copa. Quem já foi aos estádios, como eu, está adorando. À exceção de alguns incidentes aqui e ali, tudo está sendo um grande sucesso. Fora e dentro dos campos.
Êxito que levou a presidente a cobrar das mídias nacional e internacional que admitam ter errado na avaliação sobre o evento. Aí começa a outra parte da história.
Guiados pela política, certos grupos pregaram o desastre, tal como o PT do passado. Mas boa parte da mídia só cumpriu seu papel e expôs o improviso na preparação da Copa.
Balanço da Folha mostrou que, a dez dias do torneio, apenas metade do prometido em obras e ações foi cumprido. O Itaquerão, palco da abertura, foi entregue no sufoco. A Arena das Dunas foi vistoriada por bombeiros com a Copa iniciada.
Os aeroportos funcionam muito bem, mas estão repletos de tapumes cobrindo obras inacabadas. Enfim, há exemplos de sobra para mostrar que a maravilha de hoje sobreviveu a uma baita desorganização.
Justiça seja feita, confusão criada não só pelo governo Dilma mas também pelos estaduais e parte do setor privado --que deram farta munição para os profetas do caos.
O risco é repetirmos o engano de sempre. O desastre anunciado não se realiza e os erros são esquecidos. Tomara que a seleção não siga este rumo depois do sufoco de sábado.
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