- Folha de S. Paulo
O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, prometeu "arrancar os traços do patrimonialismo" da gestão econômica. Ao tomar posse, ele criticou o uso do poder público para favorecer interesses privados e defendeu o respeito ao princípio da impessoalidade.
"O patrimonialismo, como se sabe, é a pior privatização da coisa pública", afirmou. "É um mecanismo excludente, ainda que o Estado centralizador possa gerar novos grupos para operá-lo, como foi pela proliferação de viscondes e marqueses no nosso primeiro império", acrescentou, citando Raymundo Faoro.
A se acreditar no ministro, acabou a era dos "amigos do rei". Isso significa que os empresários enturmados com o poder não terão a mesma facilidade para obter empréstimos, isenções e outras benesses.
Nos últimos anos, o governo abriu os cofres para apoiar seus grupos preferidos, com a promessa de formar gigantes brasileiros. A política dos "campeões nacionais" fracassou como seu símbolo, o empresário Eike Batista. Quando ele estava no topo, Dilma Rousseff o chamou de "orgulho do Brasil". Quando foi à lona, o BNDES informou que havia liberado R$ 10,4 bilhões para financiar seus planos megalômanos.
Será curioso ver se os colegas de Levy repetirão suas palavras. O patrimonialismo ainda reina em diversos ministérios --das Comunicações, onde políticos aliados renovam concessões de rádio, à Agricultura, onde donos de terras improdutivas encontram proteção. Assim sobrevive o latifúndio, que Faoro radiografou em "Os Donos do Poder" e a ministra Kátia Abreu diz não existir mais.
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Na política, um ato falho costuma revelar mais que mil discursos. Ao se referir ontem ao "governador Sérgio Cabral", antes de ser corrigido ao vivo pela âncora da GloboNews, o secretário Carlos Roberto Osório (Transportes) deixou claro quem ainda manda no Estado do Rio.
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