quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Partidos pressionam para ocupar todo o 2º escalão das pastas

• Aliados cobram da presidente autonomia para preencher cargos nos ministérios, mas ela deve rejeitar reivindicação

• Nos últimos dias, dirigentes do PMDB têm ameaçado retaliar Dilma pela perda de espaço ministerial

Andréia Sadi – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Com o fim da reforma ministerial, partidos aliados de Dilma Rousseff cobram da presidente a garantia de que terão a chamada porteira fechada"" para montar suas equipes nas pastas.

O termo é usado nos bastidores políticos de Brasília quando o ministro tem autonomia para nomear todo o segundo escalão de sua pasta.

Segundo a Folha apurou, no entanto, Dilma deve rejeitar o modelo, assim como fez no primeiro mandato.

Na reforma que terminou no mês passado, o PMDB garantiu a indicação de ministros para Minas e Energia, Portos, Agricultura, Turismo, Aviação Civil e Pesca. Mas líderes do partido reclamam que a legenda perdeu espaço no governo e foi reduzida a uma gestora de "secretarias"".

Para compensar o que chamam de enfraquecimento político, reivindicam autonomia para emplacar aliados nos órgãos ligados à Secretaria da Aviação Civil, como a Infraero, e no Turismo, como a Embratur, além de recuperar postos no setor elétrico.

Para um peemedebista, a Embratur vale mais"" que alguns ministérios.

Já o PP quer indicar nomes para órgãos vinculados à Integração Nacional, pasta sob o comando de Gilberto Occhi, indicado pela legenda.

Uma das principais disputas nos bastidores é pelo comando do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contras as Secas). Hoje sob influência do PMDB da Câmara, o posto é cobiçado pela ala do Senado e pelo PP.

Parlamentares do PMDB também estão de olho nas principais diretorias do setor elétrico, especialmente na Eletrobrás e em Furnas. A direção da Eletrobrás está hoje sob comando de José da Costa Carvalho Neto, indicado pelo ex-ministro e governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). Ele também é amigo de Walfrido Mares Guia, ex-ministro de Lula.

Já Furnas tem Flávio Decat como presidente, ligado ao ex-presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP). O PMDB e o PR tinham controle de diretorias no órgão, mas perderam poder em 2011 com a eleição de Dilma. Com a saída de Sarney do Senado, parlamentares almejam recuperar espaço no órgão.

A Chesf (Companhia Hidroelétrica do São Francisco) deve ficar sob comando do PP.

Queixas
Nos últimos dias, dirigentes do PMDB têm ameaçado, nos bastidores, retaliar Dilma no Senado pela perda de espaço ministerial.

Assessores no Planalto minimizam as críticas do partido. Para um integrante do governo, a legenda pressiona para garantir cargos no segundo escalão. Um dos casos citados é o de Renan Calheiros (AL), presidente do Senado. Segundo auxiliares presidenciais, Renan quer manter influência na Transpetro.

O posto é comandado interinamente por Claudio Ribeiro Teixeira Campos, diretor de gás natural da empresa, desde que Sérgio Machado foi citado na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Machado é apadrinhado por Calheiros, e está de licença desde dezembro. O senador, segundo assessores de Dilma, trabalha para indicar o sucessor de Machado.

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