- Folha de S. Paulo
Pátria educadora, o mote lançado por Dilma Rousseff para o segundo mandato, não é apenas um slogan requentado. Também carece de credibilidade, na opinião do parlamentar mais identificado com a bandeira da educação: o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
O lema surgiu pela primeira vez no pronunciamento de 1º de Maio de 2013. Esquecido, voltou à boca da presidente no discurso de posse. "Ao bradarmos Brasil, Pátria Educadora", estamos dizendo que a educação será a prioridade das prioridades", afirmou ela. Será mesmo?
Dilma entregou o ministério a Cid Gomes, ex-governador do Ceará. Ele é filiado ao Pros, sigla que acaba de entrar no loteamento da Esplanada.
Cristovam, que chefiou a pasta no início do governo Lula, diz que a escolha de um político sem ligação com a área não foi um bom sinal: "O grave é que Dilma pôs o MEC entre os ministérios irrelevantes, sem importância estratégica, que são negociados entre os partidos. Esta é a tragédia, não o nome do ministro".
Em 2011, Cid causou polêmica em seu Estado ao declarar que professor deve trabalhar "por gosto, não por dinheiro". Agora ele promete elevar o piso nacional do magistério, mas precisará fazer mais para dissipar o clima de desconfiança.
E o mote anunciado por Dilma? "Gostei da frase, mas não podemos ficar só nela", cobra o senador Cristovam. "Hoje o Brasil gasta menos de R$ 4.000 por ano com cada aluno. Para termos uma pátria educadora de verdade, seria preciso gastar ao menos R$ 9.000", diz ele.
O pedetista faz um paralelo histórico entre o discurso da presidente e a fala do trono da princesa Isabel em 3 de maio de 1888. Foi a primeira vez, diz ele, que a monarquia defendeu oficialmente a abolição.
"A princesa afirmou que o Brasil precisava se livrar da escravidão e no mesmo dia apresentou a Lei Áurea. Dilma lançou um lema, mas não fez nenhuma proposta concreta para executá-lo", critica o senador.
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