"A luz no fim do túnel não está acesa." A frase foi dita por Dilma Rousseff em 2012, quando a presidente dissertava sobre a crise internacional. Mas poderia ser pronunciada hoje, diante da escuridão que assombra seu governo.
Na definição de um ministro do PMDB, o Planalto virou refém de um círculo vicioso: a economia empurra a política para baixo, e vice-versa. Uma má notícia leva à outra, sem que a petista e seus aliados demonstrem capacidade para sair do breu.
O pessimismo na economia turbina a insatisfação com a presidente e enfraquece o governo nas negociações com o Congresso. Com inflação alta, dólar em disparada e a indústria demitindo, fica mais difícil convencer os parlamentares a aprovar medidas impopulares, como o corte de benefícios trabalhistas.
Nenhum senador ou deputado quer pagar a conta de um arrocho que já atinge o bolso do eleitor. Em fevereiro, a expectativa de inflação atingiu o maior índice desde 1994, segundo o Datafolha. A pesquisa foi feita antes do reajuste nas contas de luz, que ficam mais caras neste mês.
Por outro lado, os erros na articulação política e o clima de guerra com o PMDB dificultam a recuperação econômica. Foi o que demonstrou o presidente do Senado, Renan Calheiros, ao devolver uma medida provisória que ajudaria a Fazenda a reequilibrar as contas públicas.
O ceticismo dos investidores com o futuro do pacote de Joaquim Levy levou o dólar a atingir, nesta quarta-feira, a maior cotação desde 2004. A divulgação da lista dos políticos investigados no petrolão só tende a agravar o quadro de insatisfação e imprevisibilidade no Congresso.
Para azar do governo, tudo isso acontece na mesma semana em que as agências de classificação de risco visitam Brasília para medir a viabilidade do ajuste de Levy. Se os avaliadores rebaixarem a nota de crédito do país, Dilma ficará ainda mais longe de sair do círculo vicioso e encontrar a luz que tanto procura.
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