- Folha de S. Paulo
A cúpula do PSDB aposta no agravamento da crise econômica e em uma longa onda de manifestações de rua contra o governo. A avaliação motivou o partido a anunciar apoio aos protestos marcados para este domingo, dia 15.
Os tucanos temiam ficar para trás caso não embarcassem nos atos convocados pela internet. Parlamentares dizem estar sob forte pressão de eleitores, especialmente nas redes sociais, para radicalizar a oposição à presidente Dilma Rousseff.
"Apanhei muito por dizer que o partido não deve empunhar a bandeira do impeachment. Já fui chamado até de traidor, veja só", conta o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que voltou ao Congresso depois de quatro anos sem mandato.
Ele defende a decisão do ex-presidenciável Aécio Neves de não participar dos atos. O mineiro quer esvaziar o discurso de Dilma, que acusa a oposição de buscar um terceiro turno. "A eleição foi outro dia. Se Aécio fosse às manifestações, seria chamado de mau perdedor", diz Tasso.
"O candidato não vai, mas o vice estará lá", avisa o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que integrou a chapa presidencial em 2014 e tem conversado com grupos de manifestantes sem filiação partidária.
Apesar da animação com os protestos, a participação dos tucanos será um pouco envergonhada. Eles foram orientados a não exibir símbolos da legenda. "Vou usar uma camiseta do Vem pra Rua. Precisamos respeitar o caráter apartidário das manifestações", diz o senador Aloysio.
Breve amostra do caos na coordenação política do Planalto: há quase 40 dias, o governo fracassa na tentativa de nomear um líder no Senado. O peemedebista Romero Jucá, que exerceu a função nas gestões de Lula e FHC, desdenha a ideia de voltar ao cargo para ajudar Dilma. "Não quero ir para a suíte de luxo do Titanic. Prefiro ficar no escaler, de remo na mão", ironiza.
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