• Presidente da Câmara afirma ao ‘El País’, no entanto, que decreto do governo FH facilitou assalto à Petrobras
- O Globo
RIO — O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse em entrevista ao jornal “EL País” que a corrupção na Petrobras é “um esquema do Poder Executivo”. Segundo ele, “alguns parlamentares até podem ter apoiado sem saber que era corrupção, pela natureza política. Outros, podem ter compartilhado”. Mas a organização criminosa, segundo seu ponto de vista, é de responsabilidade do governo.
Quando perguntado sobre os nomes dos investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), incluído o seu, o presidente da Câmara afirmou que a vida parlamentar continuará normalmente, e que não há provas no seu caso. Cunha se disse perseguido e voltou a criticar procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
— A pauta vai ser tocada normalmente. Esse é um esquema do Poder Executivo. A corrupção está no Governo, não está no Parlamento. Eventualmente, alguém do Parlamento pode ter se beneficiado da corrupção do Governo, o que é uma coisa que está sendo investigada. Há um esquema sistêmico de corrupção da Petrobras — disse ele ao “El País”.
Segundo Cunha, a corrupção começou a ser institucionalizada na Petrobras quando a estatal começou a desobedecer o regulamento de licitações, por meio dos negócios firmados em carta convite. Um decreto do governo Fernando Henrique Cardoso, diz ele, permitiu a flexibilização.
— (A institucionalização da corrupção ocorre) desde que alteraram o regulamento de licitações da Petrobras. Ela deixou de obedecer a Lei 8666 (das licitações públicas) e passou a ter um regulamento próprio, por carta convite. A partir disso se formaram os carteis e foi a porteira da corrupção.
De acordo com Cunha, o grande desgaste dos peemedebistas com o governo foi causado pela tentativa do Planalto de desmantelar o PMDB.
— A articulação política que foi montada, deixando o PMDB completamente fora dela. E uma articulação política completamente atabalhoada. A própria tentativa de criar um partido para enfraquecer o PMDB (O PL, que o ministro Gilberto Kassab quer recriar) foi a principal razão de estresse entre os dois lados. Esse é um erro político. Você não parte para buscar a destruição do seu aliado. É como se estivesse dormindo com o inimigo. E, ao mesmo tempo, vai esfaquear o inimigo de manhã — disse Cunha ao “El País”.
Eduardo Cunha termina a entrevista dizendo que o “panelaço” contra a presidente Dilma Rousseff foi “uma manifestação popular, natural, legítima”. Ele acrescenta, entretanto, que é contrário a um impechment. “Acho que é golpe”, diz.
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