• Já Cunha afirma que corrupção na Petrobras é esquema do Executivo
Cristiane Jungblut - O Globo
BRASÍLIA - Apesar da negociação entre governo e Congresso em torno da correção do Imposto de Renda na fonte, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), manteve ontem o tom crítico ao governo da presidente Dilma Rousseff. Renan disse que a coalizão do governo tem problemas e que, do ponto de vista da aliança, "não se resolveu nada". E acrescentou que o governo parece que envelheceu, mesmo Dilma tendo tomado posse em janeiro para o segundo mandato com um novo Ministério.
No auge da crise, Renan disse que a coalizão era "capenga" e manteve o posicionamento crítico ao responder se o acerto teria resolvido problemas políticos.
- Do ponto de vista da aliança, não se resolveu nada. Evidente que não falo pelo partido (PMDB), falo pelo Congresso. Do ponto de vista do Congresso, tivemos uma inversão de tudo que estava acontecendo até aqui: devolvemos a MP 669 (sobre desonerações fiscais) e hoje foi editada uma MP (do IR) como produto da conversa com o Congresso. Agora, a coisa da aliança precisa ter um fundamento. Esse governo parece que envelheceu. Mas isso é um outro assunto que está sendo tratado por uma outra instância do partido - disparou.
Para o peemedebista, as negociações entre os poderes Executivo e Legislativo e as negociações dentro da base aliada são coisas separadas. Na semana passada, Renan devolveu a MP 669, que reduziu a política de desonerações fiscais, alegando que o texto era inconstitucional.
- São questões distintas. Uma coisa é uma negociação no Congresso, produzindo uma MP como consequência, e outra coisa é a aliança, que tem dificuldade.
Senador promete ir ao limite
Renan avisou que defenderá as prerrogativas do Congresso "até o limite". No caso do IR, Renan afirmou que a solução partiu do Legislativo. Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, esteve duas vezes no Congresso para fazer o acordo.
Já o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse em entrevista ao jornal espanhol "El País" que a corrupção na Petrobras é "um esquema do Poder Executivo". Segundo ele, "alguns parlamentares até podem ter apoiado sem saber que era corrupção, pela natureza política. Outros, podem ter compartilhado". Mas a organização criminosa, segundo seu ponto de vista, é de responsabilidade do governo.
- A pauta vai ser tocada normalmente. Esse é um esquema do Poder Executivo. A corrupção está no Governo, não está no Parlamento. Eventualmente, alguém do Parlamento pode ter se beneficiado da corrupção do Governo, o que é uma coisa que está sendo investigada. Há um esquema sistêmico de corrupção da Petrobras - disse ao "El País".
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