- O Estado de S. Paulo
De início fadada a cumprir tabela, para usar um jargão futebolístico, a CPI da Petrobrás ganha importância diante da perspectiva de um curso mais longo do que o projetado para o processo dos 34 parlamentares que responderão a inquérito no Supremo Tribunal Federal.
Tinha-se a ideia de que esses parlamentares, na sua maioria, fossem já denunciados pela Procuradoria-Geral da República e não alvo de inquéritos. Baseava-se tal suposição na robustez das provas que já teriam sido colhidas e oferecidas a partir das delações premiadas conduzidas pelo Ministério Público.
Embora essa consistência mantenha-se como realidade, ao pedir abertura de inquérito, o procurador-geral, Rodrigo Janot, deu sobrevida aos mandatos dos atingidos que pode se estender por todo o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
A CPI pode se firmar como fórum capaz de dar à fase judicial da Lava Jato a velocidade que o rigor processual impede ao Judiciário. Nesse momento, dados a extensão e o caráter desestabilizador do processo, o melhor que pode acontecer é que os resultados das investigações ocorram no menor prazo possível.
Apesar do controle já conquistado pelo PMDB na comissão, que exercerá de forma a se autoproteger, CPI é CPI e sobre ela, comprova a história, não há controle absoluto.
No cômputo geral, tem-se uma corrida contra o tempo desfavorável à presidente Dilma, que terá de conviver com um Congresso que tomou gosto pelo seu Grito do Ipiranga, com o PMDB na oposição.
O tempo de Dilma para resgatar sua autoridade política, sob fogo cerrado do Legislativo, é menor do que o dos partidos rebelados de sua base.
Mesmo assim, o impeachment não figura ainda na pauta da oposição, que prefere vê-lo como resultado da falência da autoridade política da presidente, se avalizada pela população. O que aumenta a expectativa sobre as manifestações marcadas para o próximo dia 15, em articulação conduzida nas redes sociais.
Só o êxito retumbante dessa articulação apartidária, materializada nas ruas, poderá criar ambiente propício para um enredo de impeachment, que concorreria com o impacto das investigações no STF e de eventuais revelações da CPI.
Por isso, o governo lança como "balão de ensaio" a ideia de um pacto político, que envolva a oposição, no qual não se deve apostar, pelo menos por enquanto. Nesse campo, o PT padece da mesma desconfiança que o fez perder a batalha da economia. É um partido visto pelos seus pares como inconfiável.
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