• Escolha de Padilha é tentativa de solucionar atritos do PMDB com o Planalto
• Padilha sinalizou que pode aceitar o cargo, mas disse que antes precisava conseguir o apoio de todo o PMDB
Bruno Boghossian, Valdo Vruz - Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Em um momento de crise em sua base aliada e de forte queda de popularidade, a presidente Dilma Rousseff convidou nesta segunda-feira (6) o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) para assumir a Secretaria de Relações Institucionais, pasta responsável pela articulação política do governo.
A escolha do peemedebista é uma tentativa da presidente de solucionar a guerra do PMDB com o Planalto e garantir a aprovação das medidas do ajuste fiscal.
Segundo um assessor, a conversa de Dilma com o ministro ocorreu logo após a posse do novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, e foi testemunhada pelo vice-presidente, Michel Temer.
Um peemedebista ligado a Eliseu Padilha disse à Folha que, na conversa, ele sinalizou que pode aceitar substituir o atual titular das Relações Institucionais, Pepe Vargas, petista da cota da presidente. Mas disse que antes precisava conseguir o apoio de todo PMDB, tanto da Câmara como do Senado.
A inclusão do PMDB na "cozinha" do Planalto é uma sugestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele argumenta que a sigla deveria participar ativamente das decisões do governo.
A petista tem enfrentado dificuldades no Congresso principalmente nas relações com os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha, peemedebistas que têm definido uma agenda própria e imposto derrotas em votações ao governo.
O convite divide o PMDB. Uma ala do partido acredita que Padilha corre o risco de virar "um mero garçom", sem poder para fazer as negociações políticas em nome do governo. Outra avalia que seria um passo importante para o partido, de fato, participar das decisões do Planalto.
"Se ela escolheu por opção dela, parabéns, mas da nossa parte não há nenhuma indicação dessa natureza nem achamos que isso é razão para melhorar ou piorar a situação", afirmou Eduardo Cunha na noite desta segunda.
O governo tem, hoje, seis ministros indicados pelo PMDB. Além de Padilha, Kátia Abreu (Agricultura), Eduardo Braga (Minas e Energia), Helder Barbalho (Pesca), Edinho Araujo (Portos) e Vinicius Lages (Turismo).
Há um sétimo ministro filiado à legenda, Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), mas ele é uma escolha pessoal de Dilma.
Outro peemedebista está na fila de espera. O ex-deputado Henrique Eduardo Alves foi convidado pela presidente Dilma para o Turismo, mas ainda não assumiu por divisões internas do PMDB.
O problema é que Alvez, sendo nomeado para o Turismo, desalojaria um afilhado político de Renan Calheiros. Uma solução, caso Padilha aceite o posto e Alves vá para o Turismo, seria indicar Vinicius Lages para a Secretaria de Aviação Civil.
Os aliados de Renan têm dito que o presidente do Senado não pode ficar discutindo cargos porque, neste momento, tem defendido uma redução dos ministérios.
Ex-ministro dos Transportes do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, Padilha é considerado um hábil articulador político.
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