Andréia Sadi e Natuza Nery – Folha de S. Paulo
• Reduto do partido, a segunda região mais populosa do país garantiu a reeleição de Dilma no ano passado
• Pré-candidatos da sigla na eleição municipal de 2016 protestaram contra a ideia de veto a doações empresariais
BRASÍLIA - Afetado por uma forte crise de imagem, o PT vê ameaçada a eleição em cidades do Nordeste em 2016. Foram os eleitores dos nove Estados da região, principal base de apoio do governo Dilma Rousseff, que garantiram sua reeleição em 2014.
Assessores do Palácio do Planalto esperam a eleição mais "dura da história" em São Paulo, onde o PT viu sua rejeição disparar. Mas o Nordeste passou a preocupar após uma pesquisa interna do PT mostrar que a taxa de aprovação do governo Dilma é de cerca de 10% no Brasil.
Os números foram discutidos durante o último encontro de Dilma e o ex-presidente Lula, em Brasília, há cerca de duas semanas.
Aliados relatam o temor de reflexo da crise entre os chamados "convertidos", eleitores fieis ao PT.
A pesquisa foi usada como argumento para reforçar a necessidade de construir uma agenda positiva para Dilma.
Entre os nordestinos, Dilma teve quase 72% dos votos válidos, desempenho um pouco abaixo do de Lula em 2006, quando foi reeleito com 77%. Em 2014, o PT elegeu Rui Costa (Bahia), Camilo Santana (Ceará) e Wellington Dias (Piauí) governadores. Em 2012, elegeu 187 prefeitos no Nordeste, 52 a mais que em 2008, mas perdeu capitais importantes, como Recife (PE) e Fortaleza (CE).
Debandada
Petistas têm recebido reclamações de prefeitos candidatos à reeleição insatisfeitos com a posição do partido de não aceitar doações empresariais. Eles se queixam de que, sem isso, terão as campanhas inviabilizadas. Alguns ameaçam deixar o partido antes de outubro.
Para evitar a debandada, o PT deve atenuar a decisão de não aceitar doações.
Inicialmente, o congresso do partido, no próximo fim de semana, na Bahia, ratificaria o compromisso do PT de proibir doações empresariais. Mas, após a Câmara aprovar repasses exclusivamente para os partidos, houve um recuo. Se a regra prevalecer e o PT aprovar o veto às doações privadas, as campanhas de 2016 vão depender só de financiamento público. Segundo um dirigente petista, "os prefeitos não aceitam" essa situação e teriam repassado a queixa para Lula.
Uma alternativa seria adiar a decisão sobre doações, sob alegação de que falta concluir as votações sobre reforma política no Congresso. Na prática, afirmam petistas, o tema deve ser esquecido.
No interior de São Paulo, auxiliares de Dilma já esperam que prefeitos e vereadores do PT migrem para a base do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
O principal motivo da debandada é o aumento da rejeição ao PT entre os eleitores paulistas. A preocupação de prefeitos e vereadores é a repetição, em 2016, do fraco desempenho da sigla em 2014.
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