Ricardo Brito, Daiene Cardoso – O Estado de S. Paulo
• Avaliação negativa da gestão Dilma subiu de 64% para 68%, segundo pesquisa CNI/Ibope, superando índice alcançado pelo ex-presidente José Sarney
BRASILIA - Pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem mostrou, mais uma vez, piora na avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff. A parcela dos brasileiros que avaliam o governo como ruim ou péssimo subiu de 64% para 68% desde a pesquisa anterior, realizada em março. A avaliação negativa é a pior da série histórica dos levantamentos do Ibope.
No fim de março, Dilma havia igualado a taxa de reprovação obtida em julho de 1989 pelo então presidente José Sarney, em seu pior momento: 64% de avaliação ruim ou péssima. Os 68% alcançados agora são o novo recorde nos 29 anos de dados compilados pelo Ibope. De acordo com o levantamento, caiu de 12% para 9% a parcela dos que avaliam o governo Dilma como ótimo ou bom - o que representa empate técnico com os 7% obtidos por Sarney em 1989.
Também houve piora na avaliação do desempenho pessoal da presidente no cargo. Subiu de 78% para 83% a desaprovação da maneira de governar de Dilma. Já a confiança na presidente mostra trajetória de queda: 2o% dos entrevistados disseram confiar na petista, quatro " pontos porcentuais a menos no levantamento anterior. Os que disseram não confiar nela subiram de 74% para 78%.
Período. O levantamento foi realizado entre 18 e 21 de junho, antes da divulgação do conteúdo da delação premiada de Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC. Em depoimento à Procuradoria Geral da República, Pessoa, um dos alvos da Operação Lava Jato, detalhou supostos repasses de recursos a políticos de diversos partidos, entre eles tesoureiros das campanhas de Dilma à Presidência.
No ranking das notícias lembradas pela população, as sobre corrupção ficaram em primeiro lugar: 20% disseram ter recebido informações sobre a Lava Jato e desvios na Petrobrás.
A erosão da popularidade da presidente ocorre mesmo entre seus eleitores. Dos entrevistados que afirmam ter votado na petista, apenas 27% aprovam sua maneira de governar - eram 34% na pesquisa feita em março. Entre os eleitores que dizem ter optado por Aécio Neves (PSDB) no 2° turno das eleições de 2014, apenas 2% avaliam positivamente o desempenho pessoal da petista.
A pesquisa, realizada por encomenda da Confederação nacional da Indústria, mostra que subiu de 76% para 82% o total de entrevistados que consideram o segundo mandato da presidente pior que o primeiro. O Ibope ouviu 2.002 pessoas em 141 municípios. A margem de erro máxima do levantamento é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.
Temer nega haver 'crise institucional'; tucano pede renúncia
No dia em que a pesquisa CNI/ Ibope apontou recorde de avaliação negativa do governo desde a redemocratização, o presidente em exercício, Michel Temer, afirmou que o País não atravessa "de jeito nenhum" uma crise institucional, que definiu como "a maior das crises".
O peemedebista disse que o Brasil parece ter "necessidade de ter uma crise a cada 25, 30 anos" e defendeu o rompimento desse ciclo, ao negar que a atual conjuntura configure uma situação de ruptura institucional, "Não temos crise e não vamos ter", afirmou Temer.
Já o Líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), aproveitou a pesquisa e as investigações da Operação Lava Jato para defender a renúncia da presidente Dilma Rousseff, de modo que "o Brasil tenha seu sofrimento abreviado" e "possa se reencontrar e ter um pouco de esperança".
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