- Folha de S. Paulo
As turbulências na China são uma péssima notícia para o Brasil, mas podem ter até seu lado positivo num momento em que os agentes políticos por aqui passaram a brincar à beira do precipício.
Péssima porque, se a crise na China se agravar, pega o Brasil num momento de extrema fragilidade econômica. Aí, o que já está bem ruim pode ficar muito, mas muito pior.
Boa porque, diante da catástrofe, quem sabe a turma em Brasília acorda para a realidade, artigo que anda bem em falta neste ano não só no Congresso mas também em seus arredores. Até no Palácio do Planalto.
Enquanto no mundo real inflação e desemprego se aproximam dos dois dígitos, governistas e oposição jogam para a plateia e criam bombas fiscais no Congresso.
Alguns com o discurso corporativista, que atende a uma minoria ruidosa nas galerias do Legislativo e prejudica a maioria do país. Outros em busca de sangrar a presidente.
Em posição irresponsável, que não bate com seu passado, a oposição diz que o governo tem votos para derrotá-la. Não o faz porque está fraco e suas medidas também não combinam com sua história.
De fato, a mistura de fraqueza e incoerência está levando a uma situação perigosa. Parlamentares que ganharam cargos estão votando contra o governo, sem coragem de retaliar por temer, hoje, ser abandonado até por seus infiéis aliados.
Angustiada, a equipe econômica rema contra a maré. Lista nada menos que 14 ações para tirar o país do buraco, mas a sensação do momento, de crise política aguda, é que o governo Dilma está paralisado.
Enquanto isto, a presidente parte para a briga com a oposição. O PT aplaude de pé, mas os sensatos do governo não aprovam. Repetem confiar que nada atingirá a chefe no campo moral, mas não têm a mesma certeza sobre sua campanha.
Enfim, Brasília virou um campo de agentes da instabilidade. Tomara que caiam na real antes do pior.
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