• Presidente recebeu sete executivos para discutir a crise na terça; nesta quinta, Temer estará na sede da Fiesp
• Empresários pedem mudanças na Previdência e defendem que exportações sejam incentivadas
Andréia Sadi, Valdo Cruz – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Após a saída de Michel Temer da função de articulador político do governo, a presidente Dilma Rousseff tenta, agora, restabelecer pontes com o "PIB brasileiro" paralelamente à interlocução do vice-presidente com o setor.
Sem registro na agenda oficial, Dilma recebeu para um jantar reservado no Palácio da Alvorada, residência oficial, sete empresários para discutir a crise econômica no Brasil. Nesta quinta (27), Temer será recebido por cerca de 20 empresários na sede da Fiesp, em São Paulo.
Na lista de convidados do jantar organizado por Paulo Skaf, presidente da Fiesp, estão Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), Rubens Ometto (Cosan) e Benjamin Steinbruch (CSN). Os três também participaram do encontro com Dilma Rousseff no Alvorada.
O jantar de Dilma causou desconforto entre peemedebistas ligados ao vice-presidente, Michel Temer, que não foram chamados para acompanhar a reunião. Para eles, Dilma ficou incomodada com as recentes reuniões de empresários com o vice e estaria buscando evitar que ele ocupe espaços que ela considera seus na interlocução com o empresariado.
A relação entre Dilma e Temer ficou estremecida desde que ele afirmou que "alguém" precisava unificar o país. A fala foi interpretada por petistas como uma tentativa dele de se credenciar para a vaga de Dilma em caso de impedimento de seu mandato.
No jantar com empresários, Dilma reconheceu aos presentes a dificuldade do atual momento da economia. Destacou ainda como preocupantes as recentes turbulências na China.
Além de Trabuco, Steinbruch e Ometto, estavam presentes Cledorvino Belini (Fiat), Joesley Batista (JBS), Edson Bueno (Dasa) e Josué Gomes (Coteminas).
Os empresários fizeram principalmente sugestões de adoção de medidas para reduzir os gastos públicos, e citaram a área da Previdência. Eles manifestaram preocupação com a forte desaceleração da economia e a redução do faturamento, classificada por eles de significativa.
Segundo a Folha apurou, os presentes enfatizaram que, neste momento, as exportações devem ser incentivadas.
O elevado patamar da taxa de juros, hoje em 14,25% ao ano, foi alvo de preocupação dos empresários, mas eles reconheceram que, diante das fortes pressões inflacionárias, o Banco Central não tinha outro caminho. Eles destacaram, porém, que o ideal é que a política monetária possa ser flexibilizada assim que possível.
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