• Queda de investimentos e do consumo liderou recuo de 1,9% da economia no segundo trimestre
Investimento despenca e sinaliza mais longa retração desde o Real
• PIB encolhe 1,9% no 2º tri, na comparação com o 1º, que já havia sofrido um recuo de 0,7%
• Por dois anos seguidos, caem recursos destinados a ampliar capacidade produtiva do país, o que prolonga crise
Gustavo Patu, Bruno Villas Bôas – Folha de S. Paulo
RIO - Evidente desde o início do ano, a recessão do Brasil foi confirmada e medida em números oficiais. Ainda não visível é a saída da crise.
Dados divulgados nesta sexta-feira (28) apontam um declínio recorde dos investimentos, que prenunciam a retração econômica mais prolongada desde o lançamento do Plano Real, em 1994.
Medida da produção e da renda do país, o PIB (Produto Interno Bruto) encolheu 1,9% no segundo trimestre do ano, na comparação com o primeiro –que já havia sofrido um recuo de 0,7%, segundo as novas estimativas.
Dois trimestres consecutivos de queda são um sintoma tradicionalmente aceito de recessão. Mas esses números não contam toda a história: para a Fundação Getulio Vargas, a recessão já completou cinco trimestres.
Afinal, a produção da indústria, da agropecuária e dos serviços segue em patamar inferior ao do início de 2014, assim como vendas no comércio e obras de infraestrutura. O tombo recém-divulgado pelo IBGE é o mais doloroso do período.
Motor da economia ao longo da administração petista, o consumo das famílias teve queda de 2,1%, a maior desde a recessão de 2001, quando o país passava por um racionamento de energia elétrica, e o mundo, pelos atentados do 11 de Setembro.
Há piora entre os diferentes setores e transações da economia, mas não é difícil identificar sua origem: a queda dos investimentos por um período ininterrupto de dois anos, inédito nas estatísticas iniciadas na década de 1990.
No período, despencou de 20,7% para 17,8% a parcela do PIB destinada a essas despesas, cujo objetivo é ampliar a capacidade produtiva.
Trata-se do sinal mais eloquente do pessimismo dos empreendedores quanto ao futuro da inflação, dos juros e do cenário político.
É também o que deixa mais longínqua a recuperação. Nos tempos do real, o PIB nunca caiu mais de dois trimestres consecutivos; agora, uma nova queda no terceiro trimestre ano é consensual.
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