sexta-feira, 7 de agosto de 2015

PT pede apoio contra crise e vira alvo de novo panelaço

• Em propaganda na TV, petistas dizem que crise política é pior que econômica

• Partido defende políticas adotadas por Dilma para economia e acusa oposição de tumultuar ambiente

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O PT reconheceu nesta quinta-feira (6) que a situação econômica do país é muito difícil, acusou os adversários da presidente Dilma Rousseff de tumultuar o ambiente político e pediu ajuda à população para evitar o agravamento da crise.

Veiculada em cadeia nacional de rádio e televisão, em horário reservado pela legislação partidária para a propaganda do PT, a mensagem foi recebida com panelaços em pelo menos 16 capitais e Brasília, onde manifestantes também soltaram fogos de artifício durante a exibição.

O programa fez uma defesa enfática das políticas adotadas por Dilma durante seu primeiro mandato, quando aumentou os gastos do governo para tentar estimular a atividade econômica, e argumentou que as dificuldades atuais são resultado da crise internacional e não de erros cometidos em seu governo.

"Estamos num ano de travessia, e esta travessia vai levar o Brasil para um lugar melhor", afirma Dilma no programa, repetindo bordão que usa há meses. "Quem pensa que nos faltam energia e ideias para vencer os problemas está enganado. Sei suportar pressões e até injustiças."

Antecessor de Dilma e seu principal padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconhece na propaganda que o momento atual é delicado, mas diz que o país teve fases piores antes da chegada dos petistas ao poder.
"Sei que a situação não está fácil e que a crise já chegou nas nossas casas", afirma. "Mas nosso pior momento ainda é melhor para o trabalhador do que o pior momento dos governos passados."

O programa petista destaca realizações e avanços alcançados pelas administrações do partido e acusa os líderes da oposição de aproveitar o momento que o país atravessa para alimentar uma crise política que poderia ter "efeitos bem piores" do que a crise econômica.

"Querem enfraquecer o governo e tumultuar a política", diz o presidente do PT, Rui Falcão. "Uma coisa é cobrar e criticar o governo, outra bem diferente é tentar desestabilizar um governo eleito democraticamente."

Um dos atores que participa do programa lembra que o país levou 21 anos para sair da ditadura militar inaugurada pelo golpe de 1964 e deixa uma pergunta no ar: "Tumultuar a política traz solução para a economia?".

"Não se deixe enganar pelos que só pensam em si mesmos", afirma um dos atores que participa do programa, logo após a exibição de imagens do senador Aécio Neves (PSDB-MG), adversário de Dilma na eleição de 2014, e outros líderes oposicionistas.

Aécio, que tem convocado a população a ir às ruas no próximo dia 16 para engrossar os protestos convocados por grupos que defendem o impeachment de Dilma, disse que a propaganda do PT "zomba de forma agressiva daqueles que se manifestam".

Panelas
Os petistas usaram a conclusão do programa para responder com ironia aos oposicionistas que se organizaram nas redes sociais da internet para convocar um panelaço em protesto contra o PT durante a exibição do programa.

"Só queremos lembrar que fomos o partido que mais encheu a panela dos brasileiros", afirma o ator José de Abreu, militante petista, enquanto são exibidas imagens de panelas sendo usadas para cozinhar pratos típicos brasileiros. "Se tem gente que se encheu de nós, paciência. Estamos dispostos a ouvir, corrigir e melhorar."

O programa do PT foi exibido no rádio e na televisão à noite, mas o partido divulgou-o logo de manhã na internet. Anúncios do PSDB convocando para as manifestações do dia 16 também foram veiculados no rádio e na televisão no mesmo horário. A distribuição dos anúncios dos partidos é definida pela Justiça Eleitoral, por sorteio.

Os panelaços nas capitais repetiram os protestos que ocorreram nas últimas vezes em que os petistas apareceram em cadeia nacional de rádio e televisão, incluindo a exibição de outro programa do PT, em maio, e um pronunciamento feito por Dilma em março, no Dia da Mulher.

Na capital paulista, a Folha monitorou 27 bairros. Em 21, houve panelaços contra o PT durante a exibição do programa. Não houve protesto em seis bairros da periferia e seis cidades da Grande São Paulo que são tradicionais redutos eleitorais petistas. Na avenida Paulista, houve buzinaço.
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Colaboraram ALEXANDRE ARAGÃO, de São Paulo, JOÃO PEDRO PITOMBO, de Salvador, PATRÍCIA BRITO, do Recife, PAULA SPERB, de Porto Alegre, JOSÉ MARQUES, de Belo Horizonte, ESTELITA HASS CARAZZAI, de Curitiba eVENCESLAU BORLINA FILHO, enviado a Boa Vista

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