Isadora Peron, Pedro Venceslau e Ana Fernandes - O Estado de S. Paulo
• PSDB se divide sobre a substituição de Dilma; grupo de Aécio quer que vice também saia, mas paulistas refutam tese
BRASÍLIA - Lideranças do PSDB no Congresso próximas ao presidente do partido, senador Aécio Neves (MG), afirmaram nesta quinta-feira, 6, que a melhor saída para a crise política é a realização de novas eleições, e não apenas o impeachment da presidente Dilma Rousseff. A posição, porém, não é consensual na sigla porque envolve interesses de outros presidenciáveis. Os grupos do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do senador José Serra (SP) são contrários a essa tese.
“Precisamos, sim, de alguém que una a Nação, e esse alguém só surgirá legitimado pelas urnas”, defendeu o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB). As declarações foram dadas após a revelação de que tucanos e peemedebistas discutiram, durante um jantar, os prós e os contras de um eventual processo para afastar Dilma.
A tese das novas eleições é defendida pelos líderes do partido no Congresso e atende aos interesses do senador Aécio Neves, segundo colocado na disputa ao Planalto do ano passado. Uma nova eleição ainda neste ano beneficiaria Aécio, primeiro colocado neste momento em pesquisas de intenção de voto.
O PSDB pressiona o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a impugnar a chapa eleitoral da presidente Dilma Rousseff e de seu vice, Michel Temer. Se isso ocorrer, ambos ficariam impedidos de assumir a Presidência.
“Concordamos com Michel Temer sobre a necessidade de encontrar alguém capaz de unir o País para sair da crise e ao mesmo tempo também tenho o convencimento da necessidade de que isso só se constrói através de eleições diretas”, afirmou Cássio Cunha Lima.
Tanto Cunha Lima quanto o líder tucano na Câmara, Carlos Sampaio (SP), refutaram a tese de aliados do governo de que pedir uma nova eleição era um movimento golpista da oposição.
Disseram que estavam na “expectativa” da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que investiga irregularidades nas contas da campanha petista que podem resultar até mesmo na cassação do mandato de Dilma. A previsão é que o caso seja julgado até outubro.
Paulistas. Os grupos em torno de Geraldo Alckmin e de José Serra, no entanto, não têm mostrado entusiasmo em abraçar a causa das novas eleições. “Cada um tem uma ideia na cabeça, mas não há nada decidido no partido em termos coletivos. Não é o momento de tomar essa decisão”, disse o ex-governador Alberto Goldman.
Temer foi homenageado ontem à tarde por Alckmin em um evento no Palácio dos Bandeirantes que celebrou os 30 anos da Delegacia da Mulher. “Michel Temer tem a grandeza dos grandes homens, que defendem o interesse público e o bem comum”, disse o governador. Temer retribuiu dizendo que Alckmin “tem uma educação cívica extraordinária” e uma “capacidade agregadora que esta acima dos acontecimentos”.
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